O conflito no Leste Europeu colocou em evidência o drama dos refugiados ucranianos, que, no entanto, são acolhidos com simpatia pelos países vizinhos, talvez, segundo a professora Marília Fiorillo, porque se espere que, mais cedo ou mais tarde, voltem para casa. Mas o que dizer de outros refugiados, como os de Mianmar, dos quais muito pouco se fala? Nesta semana, lembra Marília, completam-se cinco anos da crise humanitária naquele país, ou seja, desde que começou a limpeza étnica, em 2017, um milhão de refugiados encontra-se em campos improvisados em Bangladesh, “que quer devolvê-los, mas não consegue, pois eles sabem que voltar é uma sentença de morte. Os rohingyas sempre foram cidadãos de segunda classe, não sujeitos aos direitos e à legislação do país”.
Sobreviventes do que a ONU classifica como “manual de limpeza étnica”, restaram alguns rohingyas na província de Hakai, “mas a violência continuada ao longo desses cinco anos acrescentou mais 300 mil refugiados àqueles da primeira leva. A estação das monções se aproxima, com as inundações que trarão doenças aos campos de refugiados. Para os que conseguiram ficar em Mianmar, mais violência, com ataques a vilas inteiras suspeitas de apoio à resistência e execução em massa dos moradores”.
A colunista observa que, desde que a junta militar assumiu, foram assassinadas mais de 1,8 mil pessoas, 13 mil presas e mais de 12 mil casas queimadas. Como se desgraça pouca fosse bobagem, há ainda restrições ao envio, para a província, de alimentos, remédios e combustível. Pergunta a colunista: “Quando a comunidade internacional vai prestar atenção a esse país, que, infelizmente, é desinteressante do ponto de vista geopolítico?”.
Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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