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Nesta semana, o professor Renato Janine Ribeiro fala em sua coluna sobre a reforma do Ensino Médio, cuja discussão, para ele, deveria ter ocorrido muito antes. “Foi um erro total, implantado por Medida Provisória. O professor Mozart Neves, que eu respeito, sustentou em artigo no Correio Braziliense, há poucos dias – lembrando que ele é titular de uma Cátedra no nosso Instituto de Estudos Avançados -, que foi bom colocar por Medida Provisória porque entrava em funcionamento imediatamente. Eu acho, ao contrário, que um assunto delicado, um assunto que envolve 8 milhões de alunos, centenas de milhares de professores […] tinha que ser discutido mais longamente, não podia sair do gabinete do MEC e ir direto para a imprensa oficial e já entrar em vigor. Isso deixou sequelas que agora explodem.”

Para Janine, isso cria uma situação delicada, “que só pode ser resolvida pelo melhor detergente que existe na vida, que é a luz, o debate público. Então, temos que fazer um debate público sobre isso, esse debate ganharia se ele perdesse algumas afirmações muito exageradas que eu tenho ouvido, por exemplo, eu ouço atacarem a reforma, tanto dizendo que ela dá dinheiro aos institutos empresariais de apoio à educação básica – que eles seriam pagos para fornecer produtos para a reforma – quanto exatamente o inverso – que eles dariam dinheiro para Secretarias estaduais promoverem reforma. É bom quem critica definir se as instituições, se os institutos empresariais estão ganhando ou pagando, porque são duas ações contrárias, numa você recebe dinheiro e noutra você dá dinheiro. Isso mostra como a situação está tensa e precisa de um debate mais claro”.

Na sequência de seu comentário, Janine aponta o que considera pontos negativos em relação a essa reforma, citando, como exemplo, o fato de que espanhol deixou de ser oferta obrigatória nas escolas. Filosofia e sociologia também foram disciplinas retiradas, o que, para o colunista, é muito grave. “Filosofia é uma porta extraordinária para discutir ética no Ensino Médio, para discutir ciência e para discutir também, porque não, as bases não partidarizadas da política; sociologia é fundamental para as pessoas entenderem o que é uma sociedade estratificada, uma sociedade com desigualdade, com injustiça social, com miséria. E, finalmente, temos o problema de que várias matérias perderam horas: português perder horas, matemática perder horas, isso é absolutamente escandaloso.” Ele entende que as matérias poderiam englobar temas como energia, poluição, desigualdade social, injustiça social, “questões, em suma, que permitam a um jovem completar a sua formação como ser humano”.