Pré-natal precisa voltar a ser tratado como prioridade

Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto revela que o exame pode reduzir a mortalidade materna e detectar precocemente algumas doenças antes que elas se desenvolvam para situações mais complicadas  

 11/05/2023 - Publicado há 2 anos
O acompanhamento médico no pré-natal deve ser realizado mensalmente no início – Foto: Programa Alô Mãe/PMSP
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A assistência pré-natal tem como objetivo preparar a mulher para a maternidade, garantir a segurança das gestantes e identificar e tratar doenças existentes que possam interferir no bom andamento da gravidez. Apesar de sua importância, dados revelam que o pré-natal tem sido deixado de lado por um grande número de gestantes. Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto, diretora técnica de serviço de saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Laboratório de Investigação Médica de Fisiologia Obstétrica, comenta que o exame precisa voltar a ser tratado como prioridade. 

Maria Rita de Figueiredo Lemos Bportolotto – Foto: FMUSP

A assistência pré-natal é um procedimento historicamente novo em termos de obstetrícia, o acompanhamento da grávida teve início apenas no século passado. A médica comenta que, quando realizado corretamente, o pré-natal pode reduzir a mortalidade materna e detectar precocemente algumas doenças antes que elas se desenvolvam para situações mais complicadas.  

Existem algumas questões que podem interferir na ausência da realização do exame pré-natal, entre elas estão o fato de a paciente não entender sua relevância para a garantia da saúde gestacional. “Quando falamos em exames, é comum que alguns pacientes entendam que o exame de sangue é o único necessário. Além disso, muitas vezes, a ida da mulher até o hospital não é facilitada pelo seu trabalho, o medo de perder o emprego faz com que elas não compareçam às consultas”, explica Maria Rita. 

Exames

Normalmente, durante a primeira consulta de pré-natal é realizada uma avaliação do histórico médico da paciente. Assim, fatores como a faixa etária, doenças de saúde prévias, estado nutricional, realização do papanicolau e prevenção de câncer são analisados. Além disso, também durante esse momento, são analisadas questões como os riscos de trabalho que a grávida possa sofrer, a situação econômica em que se encontra e a possibilidade de sofrer violência familiar em casa. “Idealmente, deveríamos ter uma abordagem integral da mulher”, adiciona a médica. 

Além disso, são pedidos alguns exames de laboratório, para identificar infecções e doenças que possam afetar a gestante e o bebê. Assim, o acompanhamento médico é realizado mensalmente e, a partir do oitavo mês, essas consultas passam a ser quinzenais; por fim, no nono mês, o acompanhamento passa a ser semanal. A assistência semanal só acaba com a realização do parto. 

Maria Rita informa também que o pré-natal pode ser uma oportunidade para a atualização do calendário vacinal; com relação à covid-19, é importante destacar que as grávidas formam um grupo de risco e, por esse motivo, a vacinação é essencial para a garantia da saúde maternal. Infelizmente, os exames de ultrassom, por questões econômicas, não podem ser oferecidos para a população durante toda a gestão no sistema de saúde pública. 


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