Piadas que debocham do sofrimento alheio não cabem na sociedade

Renato Janine fala das piadas de mau gosto, como a que considera como “morte suspeita” a da mulher que faleceu de covid-19 e foi tratada pelo genro médico

 29/04/2020 - Publicado há 4 anos
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Na coluna Ética e Política desta semana, Renato Janine Ribeiro comenta uma atitude do ministro da Educação, Abraham Weintraub. O ministro postou no Twitter uma reportagem sobre um médico do Equador que havia tratado a sogra com covid-19 e ela havia morrido. O ministro fez o seguinte comentário: “Mais uma morte suspeita”.

Renato Janine Ribeiro explica que uma piada de mau gosto é aquela que faz deboche com o sofrimento alheio. Durante muito tempo, isso era rotineiro com os mancos, os deficientes ou aqueles considerados “menores”, como as mulheres, os gays e os negros. Com o passar do tempo, essas piadas se tornaram de mau gosto.

O colunista lembra que o humorista, escritor e diretor teatral Jô Soares, durante muitos anos, teve programas de televisão com personagens que muitas vezes ridicularizavam a mulher e o gay. Depois, já na década de 1980, ele parou com esse tipo de humor. Na opinião do colunista, o humorista Chico Anysio (1931 – 2012), contemporâneo de Jô Soares, manteve esse tipo de piada mais convencional e, com isso, envelheceu, enquanto Jô Soares crescia.

“Quando se passa do limite, quando alguém insinua que um genro teria matado a sogra, isso ultrapassa totalmente o limite do que seria piada, do que seria graça, uma graça talvez até forte, mas deixa de ser graça e passa a ser mau gosto e desrespeito”, diz o colunista. Para Renato Janine, essa é uma mudança importante que está havendo no humor nos últimos anos. E que esse tipo de piada é inadequada, principalmente, vindo de alguém que dirige o Ministério da Educação.

Ouça, no link acima, a íntegra da coluna Ética e Política.


Ética e Política
A coluna Ética e Política, com o professor Renato Janine Ribeiro, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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