Pecuária regenerativa é um conjunto de práticas e processos agropecuários que buscam recuperar os solos e restaurar sua biodiversidade, para assim recuperar os sistemas de produção alimentar de maneira mais sustentável.
A pesquisadora parceira da Cátedra Josué de Castro, Alessandra Matte, investigou os impactos dos diferentes tipos de pecuária e explica que “a recuperação de solos, armazenamento de água e conservação da sociobiodiversidade compõem um conjunto de serviços ecossistêmicos que a pecuária regenerativa pode promover”.
Benefícios do manejo
A pesquisadora conta que a adoção de práticas de pecuária regenerativa pode regenerar cerca de 59,6% do solo nacional, que hoje corresponde a pastagens com algum nível de degradação.
“A nível global, estamos falando de 70% das pastagens do mundo em situação de degradação,” completa Alessandra. Ela também explica que as consequências desse tipo de manejo vão além da degradação do solo: “Um segundo resultado, em longo prazo, é o papel social da pecuária. Isso porque, com resultados zootécnicos mais eficientes, há aumento da produtividade e oportunidade de melhores rendimentos para as famílias produtoras. Não apenas pela renda advinda, mas também pela continuidade de uma atividade produtiva tradicional”.
A migração de um sistema para outro
Alessandra Matte argumenta que o custo desse modo de pecuária é relativamente baixo, mas que é preciso uma equipe capacitada para trabalhar em conjunto com os produtores de gado.
“Esses profissionais poderiam identificar plantas mais adaptadas, espécies nativas com bom valor nutricional e até mesmo raças de animais mais adaptadas aos diferentes climas e solos do País. Como são eventualmente necessários ajustes em piquetes, fornecimento de água, adubação de pastagens e seleção genética dos animais, poderiam haver linhas de crédito para recuperação de pastagens e implementação de melhorias”, expõe a pesquisadora.
No Brasil, cinco dos seis dos biomas existentes podem ser regenerados com técnicas de pecuária regenerativa e cultivo sustentável. “Trata-se de um modelo de criação pecuária com potencial, não apenas para o Brasil, mas para a América Latina e o Caribe. O Brasil possui seis biomas fantásticos em diversidades de fauna e flora. O bioma que ficaria fora dessa atividade seria o bioma Amazônia, uma vez que suas aptidões têm relação direta com a floresta em pé,” finaliza a pesquisadora.
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