Participação da sociedade civil nos debates sobre o meio ambiente é fundamental

Ricardo Galvão explica como a população em geral pode estimular metodologias de prevenção ambiental e mitigação do aquecimento global

 15/08/2024 - Publicado há 4 meses
Mudanças Climáticas – Foto: Gerd Altmann /Pixabay
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A terceira edição do evento USP Pensa Brasil 2024 terá como tema COP 30: Desafios para o Brasil durante toda a semana, de 12 a 16 de agosto, no espaço Brasiliana. Esta quinta-feira (15) marca o quarto dia do evento e terá como tema de debate Sociedade Civil e Meio Ambiente. Ricardo Galvão, professor do Instituto de Física (IF) da USP e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), será um dos debatedores do quarto dia do evento e explica qual o papel da população em geral frente aos desafios das mudanças climáticas.

Segundo o professor, a Universidade de São Paulo se destaca como a principal instituição brasileira em produção científica e formação de profissionais. Ele enfatizou a importância de um maior envolvimento da Universidade na formulação de políticas públicas fundamentadas em conhecimento científico. Segundo Galvão, há alguns anos a USP não desempenhou o papel fundamental que deveria na discussão e criação de políticas para o futuro, especialmente em relação às questões ambientais.

Com a COP 30 prevista para o próximo ano, a questão ambiental ganha destaque, sendo fortemente baseada na ciência. Galvão explica que a USP tem demonstrado uma contribuição significativa nesse campo, especialmente com o trabalho de renomados especialistas como o professor Paulo Artaxo e o professor Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados, os quais já participaram do USP Pensa Brasil durante a semana.

Crise climática

Galvão destacou que a ciência havia previsto o agravamento das mudanças climáticas, mas não na velocidade atual, por isso, segundo ele, um novo pacto global é necessário, já que as consequências dramáticas, como queimadas e secas extremas, são visíveis, especialmente na Amazônia. Ele explica que a resposta da sociedade aos alertas dos cientistas tem sido um tópico importante, com a necessidade urgente de uma nova abordagem para lidar com esses desafios.

Ricardo Galvão – Foto: Arquivo pessoal

Conforme o especialista, o primeiro estudo sério sobre o efeito dos gases de efeito estufa foi publicado há mais de 100 anos por Svante Arrhenius, sueco vencedor do Prêmio Nobel. No entanto, por mais de 50 anos, a sociedade não deu atenção adequada a essas previsões, mesmo diante de trabalhos que confirmavam a precisão das projeções. O professor conta que somente a partir do final da década de 1960 e início dos anos 1970 a questão ambiental começou a receber maior atenção global.

Apesar desse avanço, Galvão apontou que a reação negacionista, muitas vezes alimentada por indústrias petrolíferas e outros grupos interessados na continuidade do uso de combustíveis fósseis, ainda persiste. No Brasil, figuras como o professor e ex-reitor da USP José Goldemberg contribuíram para a discussão sobre sustentabilidade, mas o problema do desmatamento e das queimadas na Amazônia ainda não recebia a atenção necessária.

O professor também destacou que, apesar das projeções feitas para além de 2030 e 2040, a realidade é que o fenômeno das mudanças climáticas tem se manifestado de forma mais rápida do que o previsto. O docente conta que exemplos de eventos extremos, como os incêndios devastadores no Paquistão, mostram que a humanidade enfrenta ameaças iminentes e não apenas futuras.

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A consciência pública sobre a importância da preservação ambiental tem evoluído, com uma recente enquete mostrando que mais de 80% dos brasileiros reconhecem a relevância das mudanças climáticas e seu impacto em suas vidas. “Isso traz esperança de que medidas públicas mais eficazes possam ser implementadas, embora ainda haja resistências, como as relacionadas à exploração de petróleo na Foz do Amazonas e outras áreas”, diz.

“A Universidade de São Paulo, entre seus alunos e professores, é uma sociedade fortemente formadora de opinião. Então, eu gostaria de convidar a todos a participarem do USP Pensa Brasil, porque se a sociedade não tiver uma participação ativa, a nossa possibilidade de ter ações resilientes a mudanças climáticas e desenvolver uma produção sustentável de energia com respeito ao meio ambiente vai ser muito difícil”, finaliza.

Para mais informações sobre a programação do seminário e para acompanhar as atualizações, os interessados podem acessar o site oficial e as redes sociais do USP Pensa Brasil. Além disso, o Jornal da USP no Ar realizará entrevistas ao longo desta semana com os pesquisadores que estarão participando dos debates.


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