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Depois das folias de Momo, a professora Marisa Midori fala em sua coluna, desde Paris, de um tema, digamos, inesperado. “Na semana em que fechamos o Carnaval, não há nada mais sugestivo do que falar sobre o…. fim do mundo!”, inicia ela. É esse o grande tema da exposição da temporada da Biblioteca Nacional da França. A abertura aconteceu no dia 4 de fevereiro e segue até o dia 8 de junho – e ocupa duas grandes galerias da BNF-site Miterrand. “A ideia de resgatar a fortuna dos códices manuscritos do livro de São João, desde o período de Carlos Magno, e seguir, cronologicamente, confrontando a tradição livreira com outras performances artísticas que beberam da mesma fonte resultou em um trabalho monumental”, conta a colunista. “Como a exposição anuncia, logo na sala de abertura, ontem e amanhã significam partir de Carlos Magno e seguir até Lars von Trier, no filme Melancolia. Mas pensar no depois, em um amanhecer após as grandes catástrofes anunciadas pelas sete trombetas”, discorre Marisa Midori.

A colunista faz menção, também, às obras pictóricas relacionadas ao “Apocalipse” presentes na mostra. “Há toda uma série de gravuras de Dürer sobre o apocalipse. Dentre as quais, a icônica O Cavaleiro da Morte e do Diabo, de 1513.  Há a série de Goya, Os Desastres da Guerra, composta por 82 gravuras realizadas entre 1810 e 1815, justamente na época de restauração bourbônica, na Espanha”, relata a professora. “Eu ainda faria uma menção especial para a série de William Blake (1757-1827). Dentre suas composições, eu destaco Death on Pale Horse, de 1800. Os trabalhos de William Blake vieram de empréstimo do Museu Albert e Victoria, de Londres. Ele faz, sobre uma mesma composição, um pastiche de desenho, tipografia, com leituras medievais e, ao mesmo tempo, extremamente modernas, ao ponto de sugerir uma semelhança entre o rei George III e a fúria expansionista da Grã-Bretanha e o Cavaleiro que empunha uma espada no seu cavalo branco (pale horse)”, completa Marisa Midori.

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