Limites do corpo e papéis sociais tematizam exposição na Biblioteca Brasiliana

A mostra será composta com bonecas de pano da época vitoriana colecionadas pela artista Esther Faingold, criadora da exposição

 Publicado: 17/09/2024 às 18:01     Atualizado: 20/09/2024 às 13:15
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Membros de bonecas utilizadas na exposição "Qualquer coisa animal", de Esther Faingold - Foto: Eduardo Ortega

No dia 18 de setembro, quarta-feira, às 18h, será inaugurada na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP a exposição Qualquer coisa animal, da artista plástica e escritora Esther Faingold. Esse trabalho pretende construir um mundo simbólico e de atmosfera surrealista para explorar os limites entre a corporeidade e a experiência sutil.

Uma das peças da exposição fruto do trabalho de Esther Faingold - Foto: Eduardo Ortega

A mostra reúne montagens, fotos, videoartes e corpos escultóricos, compostos a partir de corpos de bonecas de pano da época vitoriana (1837-1901), que encarnavam originalmente o estereótipo da repressão sexual e da subserviência ao homem. Esses materiais são colecionados e refeitos por Esther, que intervém nos corpos e acrescenta objetos em alusão à memória e a processos de subjetivação.

A artista explica que os “corpos inanimados que não puderam apaziguar o sofrimento de suas donas e tampouco sucumbiram ao tempo, precisariam se emancipar, ter voz, ter sexo, ter qualquer coisa animal”. Nesse sentido, a exposição propõe uma reflexão na qual os limites do corpo, a natureza dos papéis sociais e os estigmas psiquiátricos são postos à prova. 

Esther, que se iniciou nas artes após uma carreira consolidada como poetisa e escritora, é pós-graduada em Política Internacional e História da Arte pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Qualquer coisa animal é a primeira exposição individual apresentada por ela, que transita há 20 anos pelo universo da arte, explorando diversos caminhos e disciplinas, da literatura ao design industrial.

A artista Esther Faingold - Foto: Sinai Faingold
A artista Esther Faingold - Foto: Sinai Faingold

Para Luiz Armando Bagolin, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e curador da exposição, o trabalho de Esther pode ser observado pelas lentes do dramaturgo Antonin Artaud (1896-1948): “A tradução dos sentimentos mais primitivos ou puros dos seres humanos só pode ocorrer num lugar inacessível para a linguagem e para a razão; é exatamente nesse local onde poderíamos nos reconciliar com nós mesmos enquanto Natureza”.

Durante o período em que estará aberta à visitação, a exposição contará com encontros de intelectuais e artistas convidados, que tratarão dos desdobramentos e processos relacionados ao trabalho de Esther, além de ações educativas promovidas pelo JA.CA Centro de Arte e Tecnologia.

Serviço

Exposição Qualquer coisa animal

Abertura: 18/09, às 18h

Visitação: até 22/11, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h

Onde: Átrio da BBM e Sala BNDES/Subsolo da Livraria Edusp, na Rua da Biblioteca, 21, Espaço Brasiliana – Cidade Universitária, São Paulo

Entrada gratuita e sem necessidade de agendamento

*Estagiária sob supervisão de Eliete Viana


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