Os perigos do entretenimento em veículos

Em sua coluna, Luli Radfahrer aborda a questão das tecnologias a serviço do entretenimento do motorista, a despeito da distração que podem causar e do risco de acidentes

 30/08/2024 - Publicado há 6 meses

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Os sistemas de entretenimento em veículos são absolutamente pavorosos – pelo menos na opinião de Luli Radfahrer, que abomina a colocação de uma tela enorme na frente do motorista. E o pior é que, mesmo à noite, nos carros mais modernos, ela não apaga. “Então, eu tenho um monte de coisa brilhando aqui, debaixo, no canto da minha vista, sendo que eu tenho que olhar para a rua, é um horror.” O sistema de entretenimento, diz o colunista, cresceu junto com os carros. “Acho que cinco anos depois de surgir o primeiro carro produzido em série, o sujeito já colocou um rádio no carro, parecia mais um trio elétrico do que um carro normal, porque a antena era enorme, mas o sujeito já fazia isso, e uma tecnologia avança junto com a outra. Surge o disco, carro de luxo tem toca-disco, surge a fita, todos os carros têm fita, surge o CD, todos os carros têm CD, não ia demorar para aparecer o DVD –  no começo, o DVD era atrás do banco do motorista e tudo bem para a criança no banco de trás poder olhar nos carros mais de luxo, de repente o DVD veio para a frente. E agora o sujeito vai reclamar se a empresa não dá, e se o carro não tiver aquele sistema ele vai em qualquer lugar e instala esse sistema.”

Radfahrer não vê problemas quando o sistema é funcional, como no caso da câmera de ré. “Mas uma câmera que não desliga, um painel que brilha e que fecha a sua pupila quando você está na estrada, precisando estar muito atento, é extremamente perigoso.” O detalhe é que já existe tecnologia para dar conta dessa situação. “Ela é usada em capacete de piloto de caça supersônico, mas não é uma coisa tão complicada assim. Imagina que você tem um sistema que projeta na tela do para-brisa as informações da rua. Então eu continuo olhando para a rua e o GPS vai me mostrar uma flecha para a direita ou para a esquerda em cima da rua. Você já usou o Google para caminhar e levantou o celular, o celular mostrou a imagem da rua com uma flechinha em cima, é a mesma coisa.” O fundamental é não tirar o olho da frente.

“Cada vez mais temo pela pessoa que anda de moto, porque eles são rápidos, eles estão andando no meio de um monte de carro, de um monte de gente distraída, é muito fácil, simplesmente o sujeito piscou o olho porque recebeu um bip ou porque alguém mandou um gift engraçado para ele no WhatsApp, e ele matou o pobre do coitado do motociclista. É muito perigoso e a pessoa se sente mais eficiente, o que é uma bobagem, ela não é mais eficiente. Ela está cada vez mais distraída.”


Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.

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