O uso da inteligência artificial só é sensato quando melhora a vida das pessoas

Segundo Luli Radfahrer, um exemplo de sensatez é quando a inteligência artificial melhora um produto sem demandar mudanças de comportamento

 02/02/2024 - Publicado há 11 meses
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A inteligência artificial dominou boa parte do noticiário da mídia em 2023. Será que a febre persiste este ano? Luli Radfahrer acredita que sim, que em 2024 ainda vamos ouvir falar muito a respeito desse tema. “Inteligência artificial é, na verdade, um conjunto de tecnologias normalmente baseado em big data e estatística. Isso é cada vez mais presente nas máquinas e em algumas funções ela faz mais sentido do que em outras, então a gente vai ouvir mais do que nunca, só que a gente tende a ouvir isso nos lugares mais importantes e não mais em qualquer lugar.”

Com isso, Radfahrer se arrisca a afirmar que o ChatGPT vai ocupar um espaço maior de interesse. “Por mais que isso seja completamente louco, é o que a Volkswagen, por exemplo, pensa. Ela está lançando uma série de carros novos este ano, todos eles com ChatGPT lá dentro, porque, pela pesquisa dela, as pessoas gostam de conversar com o ChatGPT enquanto guiam, o que é muito triste. Seria interessante se eu, por exemplo, tivesse um sistema especialista de um mecânico da Volkswagen dentro do meu carro […] Então isso seria inteligente, mas, por enquanto, o que a gente tem ainda é muito bobo, ou seja, é conversar com o ChatGPT.”

Um admirável mundo novo, mas de difícil adaptação para muita gente, “e com toda a razão, porque esse mundo é que precisa se adaptar às pessoas. Quando a gente tem isso bem-feito,  por exemplo, o filtro de spam. A quantidade de spam que é distribuída no mundo é enorme, é só você olhar a pasta de spam na sua máquina, você vai ver uma quantidade enorme de coisas que você nunca viu, porque o filtro de spam  é inteligência artificial e ele é muito bem-feito. Se você pega as câmeras de celulares mais modernas, elas também estão usando inteligência artificial para tirar fotos com menos luz, tirar foto da Lua,  que agora celular consegue fazer,  tirar até foto de estrela. Por quê? Eu estou usando a tecnologia para melhorar a vida das pessoas e não estou forçando a pessoa a usar a tecnologia ou a entender a tecnologia – desse jeito, ela é muito mais sensata”.

Mas como saber se o uso da IA é ou não sensato? “Essencialmente quando fizer sentido e quando não for chamada de inteligência artificial. Você  usa a eletricidade todos os dias e você nem lembra que você usa eletricidade, você usa água encanada todos os dias e você só lembra quando ela falta, você usa várias coisas que são baseadas em plástico e você não fica pensando que é plástico. A hora em que a inteligência artificial melhora o produto sem demandar que você mude de comportamento, aí ela é  sensata. Então, se você olhar a inteligência artificial em alguma coisa e ela não fizer muito sentido, deixa que ela ainda está muito crua, ela vai amadurecer e vai se adaptar a você.”


Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.

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