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O professor Martin Grossmann retoma o tema de sua coluna anterior, que tratou da definição de cultura. Ele observa que, como coordenador acadêmico da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, a discussão a respeito do assunto é central e está sempre em evidência. A cátedra, desde o seu início, em 2015, teve dez ocupantes, todos representando “diferentes perspectivas culturais, diferentes visões de mundo. Contamos hoje com duas pós-doutorandas, uma associada ao projeto Caminhos da Cutia e a outra associada ao projeto de Néstor García Canclini, Emergências Culturais, cuja titularidade ocorreu de 2020 a 2021. Sharine Machado Cabral Melo, pós-doc cuja pesquisa está relacionada ao programa que o antropólogo e filósofo argentino-mexicano desenvolveu durante a pandemia/pandemônio, fez um comentário breve que me intrigou sobre a ultima coluna, cito: ‘Gostei da amplitude da definição. Deu vontade de reler o McLuhan. Mas sinto falta do Canclini'”.

Ele prossegue: “Na minha resposta a ela, perguntei, mas qual delas? Qual definição de cultura você destacaria nesta vastíssima obra, iniciada nos anos 60 e que produziu muito conhecimento, muitas publicações em diferentes formatos, exposições, manifestações essas que acompanharam de perto e criticamente as transformações da sociedade, seja nacional como territorial e globalmente. Por sinal, para vocês terem uma ideia dessa belíssima e muito produtiva trajetória, recomendo visitarem o site Diálogos com Canclini no Brasil: https://www.canclinibrasil.iea.usp.br/. Mas, caro ouvinte, destaco que, a partir desse momento, cito a Sharine, inserindo assim a sua contribuição a esta coluna, aqui vai: ‘Na obra Diferentes, Desiguais e Desconectados, García Canclini nos fornece uma pista importante sobre como ele entende a cultura: ele prefere abordar essa palavra controversa como adjetivo e não como substantivo: o cultural, em vez de a cultura. Mas qual seria a diferença? Após revisar as definições de vários sociólogos e antropólogos, García Canclini explica: em vez de enfatizar a cultura como sistema de significados, como propunha, por exemplo, Clifford Geertz, ele olha para os processos. Assim, para García Canclini, o cultural é o conjunto de processos através dos quais dois ou mais grupos representam e intuem imaginariamente o social, concebem e geram as relações com os outros, ou seja, as diferenças ordenam sua dispersão e sua incomensurabilidade mediante uma delimitação que flutua entre a ordem que torna possível o funcionamento da sociedade, as zonas de disputa (local e global) e os atores que a abrem para o possível’”.

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