Números de internações diárias por trombose no Brasil merecem atenção e acompanhamento constante

“Com os mesmos fatores de risco, o maior número de casos de trombose muitas vezes está relacionado a diagnósticos mais frequentes”, considera Walter Campos

 05/12/2023 - Publicado há 12 meses
Durante o período agudo da pandemia do coronavírus, muito se discutiu sobre a relação entre a doença e a trombose Fotomontagem: Jornal da USP – Fotos: Scientificanimations/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0
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O Brasil revela um preocupante quadro de trombose, com 165 internações diárias, de acordo com um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular a partir de dados do Ministério da Saúde. O maior cuidado com a saúde vascular, nesse cenário, é apontado pela entidade como algo de extrema importância. 

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Walter Campos, cirurgião vascular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC FMUSP), explica que há dois tipos de trombose: venosa e arterial. A forma de trombose tratada pelo levantamento é a trombose venosa profunda, em que há a formação de coágulos no sistema venoso profundo. “Com os mesmos fatores de risco, o maior número de casos de trombose muitas vezes está relacionado a diagnósticos mais frequentes”, considera.

Atendimento dos casos

O especialista  afirma que os principais sintomas clínicos são o inchaço e dor na palpação, devido ao entupimento da veia que prejudica o retorno de sangue. Outra preocupação em quadros mais agudos da trombose venosa profunda é a embolia pulmonar, em que o coágulo atinge a artéria pulmonar e causa sintomas torácicos. 

“Falta de ar, até a arritmia e óbito, que é o quadro mais grave de embolia pulmonar”, destaca Campos. Apesar de sintomas característicos, o cirurgião também considera os pacientes assintomáticos cujos coágulos não chegam a interromper completamente o fluxo sanguíneo e, consequentemente, não produzem reações. 

Fatores de risco 

Walter Campos – Foto: Reprodução

Pacientes em longos períodos de imobilização pós-cirurgia estão entre os grupos de risco de desenvolver a doença, na medida em que a falta de movimentação pode favorecer a formação de coágulos no sistema venoso profundo. “Outra causa que é um fator de risco da trombose, quando a trombogenicidade aumenta, trata-se do uso de hormônios, principalmente associado ao cigarro”, pontua o profissional. 

Walter Campos também explica como a hereditariedade se relaciona com os perigos de desenvolver trombose, visto que, por vezes, há modificações genéticas nos processos específicos de coagulação. “Em uma condição que se chama trombofilia, o paciente tem uma cascata de coagulação, fatores que vão se ativando para formar o coágulo, e esses paciente tem alterações de alguns fatores de coagulação que aumentam a chance de formar o quadro de trombofilia”, avalia. 

Relação com a covid-19

Durante o período agudo da pandemia do coronavírus, muito se discutiu sobre a relação entre a doença e a trombose. O especialista comenta que alguns pacientes com covid-19 tiveram seus sistemas venosos lesionados, principalmente na camada mais interna, denominada endotélio. 

Sem essa proteção, o sangue entra em contato com o colágeno subendotelial que é trombogênico, ou seja, aumenta as chances de se formar um coágulo. Dessa forma, a partir de estudos clínicos de casos de covid-19, descobriu-se que a piora de quadros da doença relaciona-se à trombose e lesões internas nos vasos pulmonares, de acordo com Campos. 

Causas do aumento

O especialista avalia que, sem um cenário de urgência, como o a pandemia de coronavírus, há a possibilidade de um maior número de diagnósticos de trombose, além de uma melhor formação dos profissionais no pronto-socorro para atender e investigar os casos com exames específicos. Assim, uma vez diagnosticado o problema, Campos afirma a necessidade de um acompanhamento constante para evitar um agravamento do quadro.


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