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Nos últimos dois meses, o Estado de São Paulo registrou a ocorrência de chuvas intensas que resultaram em intensas enchentes, especialmente em sua região central. As chuvas, além de inundações, ocasionaram inúmeras quedas de árvores e problemas no fornecimento de energia elétrica, demonstrando a instabilidade e profundos impactos que o clima tem causado ao Estado. Sob essa perspectiva, a Defesa Civil lançou o Defesa Civil Alerta, um sistema de alerta de desastres por mensagens a ser coordenado pela própria Defesa Civil e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e executado pelas prestadoras de telefonia móvel.

Para o professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEA) da USP, o sistema já não é tão novo assim, sendo utilizado em países como os Estados Unidos e Japão, regiões com maiores taxas de desastres climáticos. “Nos Estados Unidos, em algumas áreas, para alertar sobre crimes, sequestros. No Japão há um sistema de alerta similar para eventos extremos como terremotos, chuvas muito intensas, e nós sempre comentamos sobre a possibilidade de se fazer o mesmo no Brasil sem a necessidade de se adquirir um sistema, porque a infraestrutura de telefonia celular já está fartamente disponível”, afirma.

Método

O sistema de telefonia celular será de grande importância ao projeto, já que a ferramenta utilizará as redes de telefonia celular para emitir alertas sonoros, mesmo quando no modo silencioso, para informar sobre a possibilidade de tempestades. “As operadoras têm como identificar qual a região onde você está e, se aquela região está em risco, ela recebe uma mensagem da defesa civil e as operadoras disparam essa mensagem para todos os celulares”, informa o professor.

O sistema também não exigirá cadastramento prévio, facilitando sua utilização, diferentemente do antigo sistema por mensagem SMS. Além disso, as mensagens serão recebidas tanto sobre o alcance 4G quanto 5G, priorizando sua disseminação por todo o Estado de São Paulo.

Comunicação

Um dos grandes pontos do sistema serão as mensagens transmitidas e a maneira como serão formuladas, garantindo o total entendimento por parte da população. Sobre isso, Côrtes expressou sua preocupação: “Nesse tipo de alerta, é fundamental ter uma preocupação com a comunicação: o que e como vai ser comunicado, o nível de detalhe que vai ser passado e também oferecer alternativas para as pessoas, para onde eu devo fugir”.

Segundo o professor, as rotas de fuga nesses casos são pontos cruciais para o bom funcionamento da medida. “O ideal seria que os sistemas avisassem mais especificamente sobre quais as áreas onde pode ter, por exemplo, alagamento, e quais são as rotas de fuga (…) Porque, às vezes, numa tentativa de sair da região, você pode adentrar mais ainda nessa área de risco, se você não conhece o bairro”, complementou.

Por fim, Côrtes alerta sobre o volume de chuvas que tem atingido São Paulo e da extrema necessidade de estabelecer maneiras de prevenir maiores tragédias. “Estamos com um volume de chuva que tem sido, por vezes, muito concentrado. Então, elas sobrecarregam o sistema de drenagem urbana e facilitam o acúmulo de água, colocando, às vezes, o motorista em risco. Então, isso é importante também. Ou seja, não só o sistema fisicamente estar operando, mas também como essa comunicação vai ser efetivada e quais as alternativas que serão apresentadas.”