Eventos extremos causam vítimas fatais em cidades despreparadas

Pesquisadores e gestores devem traçar a prevenção por meio da educação e da Defesa Civil, diz Hugo Rogério Barros

 14/11/2019 - Publicado há 4 anos
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Na Grande Recife, dois dias de chuva intensa levaram 19 pessoas a óbito. No Rio de Janeiro, em um período de 48 horas de forte precipitação, foram cerca de 200 quedas de árvores e 16 mortes. Só no dia 11 de março, 13 falecimentos, sete por alagamento e cinco por deslizamento, na região metropolitana de São Paulo. Os dados são do pesquisador Hugo Rogério Barros, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, mediador do painel Eventos Extremos: Tendências Globais e Impactos Globais, do ciclo UrbanSus. As tempestades e as ondas de calor são exemplos desses fenômenos.

Barros argumenta que é muito difícil resolver problemas pouco conhecidos. “Há defasagem de estudos em escala local sobre eventos extremos”, conta ao Jornal da USP no Ar. Com informações sobre bairros e cidades, especialistas poderiam se reunir com tomadores de decisões para definir políticas públicas apropriadas. Assim, esses atores poderiam traçar uma prevenção adequada por meio de educação ambiental e geográfica, bem como por uma ação eficiente da Defesa Civil. São Paulo e Rio de Janeiro, a despeito dos dados impactantes, já tomam medidas nesse sentido, segundo o pesquisador do IEA.

Os danos aparecem na economia, na infraestrutura e na saúde pública, de acordo com Barros. Entre 1995 e 2014, fenômenos extremos causaram prejuízos de R$ 182 milhões aos cofres públicos, segundo o Atlas de Desastres Naturais do Brasil. Nos 12 dias seguintes às chuvas de março, em São Paulo, houve uma grande alta na ocorrência de leptospirose.

Por isso, o pesquisador alerta a população sobre os efeitos negativos das ondas de calor e alterações nos índices de umidade do ar. “A natureza é perigosa, e o corpo humano frágil em sua escala”, alega.

Outro aspecto importante para o especialista é a vulnerabilidade socioeconômica de muitas pessoas. Em vista disso, o Brasil tem uma grande taxa de ocupação em áreas de risco e o déficit habitacional é alto. 

Para mais informações sobre o cicloUrbanSus – Sustentabilidade Urbana: Adaptação, Resiliência e Riscos Climáticos acesse esse link. O evento será transmitido ao vivo no site do IEA.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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