Recentemente, a Fundação MacArthur anunciou investimentos da ordem de US$ 500 milhões para ajudar iniciativas de jornalismo local nos EUA. Trata-se da maior doação já feita nessa área, diz o professor e jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva. Serão US$ 500 milhões em cinco anos e um dos objetivos é aumentar a diversidade nas redações. “E isso comprova um outro estudo que diz que 129 financiadores de jornalismo nunca doaram tanto para o jornalismo como estão doando agora e que pretendem continuar fazendo isso cada vez mais.” A maioria desses financiadores pretende investir em jornalismo local, enquanto outra parcela deseja investir em veículos jornalísticos sem fins lucrativos, “as duas tendências mais marcantes dos últimos dez, 15 anos, mas parece que se intensificam cada vez mais”.
Observe-se, porém, que o mesmo estudo a respeito dos 129 doadores aponta a existência de conflito de interesses, “mas eles não são tão intensos como quando governos resolvem ajudar jornais […] quando o Estado resolve fazer algum tipo de favor para os veículos jornalísticos, esse conflito de interesses é bem mais claro do que quando a iniciativa vem de entidades filantrópicas como as fundações são, quando os jornais não têm fins lucrativos também”.
Lins da Silva revela que, nos últimos 15 anos, pelo menos 2 mil jornais americanos fecharam. Ele cita um dado segundo o qual, para resolver os problemas dos veículos jornalistas americanos, seria preciso US$ 1,75 bilhão, para cobrir todos os déficits que possuem. E mesmo os jornais sem fins lucrativos estão tendo dificuldades. “Então, as dificuldades continuam imensas, mas não deixa de ser uma boa notícia que doações estejam sendo feitas em maior volume e que os doadores estejam dizendo que nunca doaram tanto e que querem continuar doando mais para que haja jornalismo independente em defesa da democracia”, finaliza o professor.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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