Quando se fala em tratamento de choque, tortura é a palavra que vem à mente. Entretanto, diferentemente do passado, essa técnica se chama eletroconvulsoterapia e é realizada somente por especialistas. “A eletroconvulsoterapia teve uma decadência nas décadas de 70, 80, por causa desse estigma, porque, nessa época, era mesmo usada como uma terapia de choque punitiva. Isso foi muito revisto e, por volta da década de 90, anos 2000, começou a voltar a ser utilizada e, hoje em dia, tem muitas pesquisas sobre o assunto”, explica o professor André Russowsky Brunoni, da Faculdade de Medicina da USP e também chefe do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Esse tipo de abordagem faz parte de uma gama maior chamada de neuromodulação. A prática foca no uso da eletricidade como principal forma de abordagem no tratamento de diversas doenças, como depressão crônica, transtornos neurocognitivos e dores crônicas.
Invasivo ou não invasivo
A neuromodulação pode ser realizada de forma invasiva ou não invasiva. A primeira precisa ser realizada somente após um estudo individual, além de uma abordagem multiprofissional: “É a estimulação cerebral profunda que coloca um eletrodo no meio do cérebro e ele estimula, e a outra é estimulação do nervo vago, que é tipo um fiozinho que envolve o nervo vago na altura do pescoço, que se comunica com o cérebro. É uma coisa mais da neurocirurgia e, no HC, em geral tem, mas a gente não faz esse procedimento invasivo no Instituto de Psiquiatria pela própria natureza invasiva. Mas, eventualmente, a gente discute com os neurocirurgiões e faz essa indicação conjunta”, pontua Brunoni.
O segundo caso é mais comum e pode ser repartido em três diferentes abordagens: uma é a eletroconvulsoterapia, que utiliza eletrodos na região do cérebro que precisa de estimulação; outra é a estimulação magnética transcraniana, com o uso de pulsos magnéticos, e a última é a elétrica transcraniana, com correntes elétricas.
Pesquisas
Para manter a técnica avançando cada vez mais, é preciso uma dedicação para a pesquisa de novas tecnologias e métodos na área da neuromodulação.
O Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP é um dos principais polos brasileiros dedicados à técnica. Além de estudos clínicos relacionados ao uso do tratamento para novas doenças, a minimização de sequelas da covid-19 também foi objeto de pesquisa. “As pessoas geralmente chegam para a gente pelas pesquisas. Então, as nossas pesquisas são muito grandes e a gente terminou umas três ou quatro ano passado, mas consegue sempre recrutar também por meio de encaminhamento de médicos que indicam o procedimento. Mas, pela própria natureza específica dele, nossa equipe sempre faz a revisão”, comenta Brunoni.
Para saber mais sobre os possíveis usos da neuromodulação, acesse: https://jornal.usp.br/ciencias/grupo-avalia-neuromodulacao-nao-invasiva-para-tratar-obesidade/ .
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