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Algumas espécies de micróbios podem influenciar nossa saúde, inclusive ocular, uma vez que existe uma microbiota (conjunto de bactérias) que habita as superfícies do corpo e faz parte do nosso dia a dia, num processo conhecido como simbiose, explica Eduardo Rocha, acrescentando tratar-se de uma colaboração biológica mutuamente benéfica, a qual ajuda na proteção contra invasores e no auxílio à digestão de alguns alimentos. “Em algumas doenças degenerativas, inclusive as oculares, tem se pesquisado bastante a interação, que, mesmo com a distância entre o intestino e os olhos, entre a pele e os olhos, pode fazer com que os mediadores, substâncias produzidas por essa população de bactérias invisível que habita nossos corpos, tenham influência no curso das doenças. Isso é pesquisado em uveítes, alergias, doenças autoimunes, como a de Sjögren, por exemplo, e degenerações da retina. O nome geral desse problema seria então a disbiose, algo oposto à simbiose e que poderia, em tese, ser tratado restaurando os micróbios saudáveis com o uso correto de antibióticos ou probióticos”.

Nessa mesma linha de raciocínio, Rocha informa que problemas oculares podem ter influência de bactérias que habitam nosso corpo e cita estudos e pesquisas que comprovam essa tese. O fato é que, em testes realizados em camundongos portadores de doenças genéticas que afetavam a visão, descobriu-se a presença de bactérias originalmente pertencentes à flora intestinal em regiões da retina. Isso ocorre porque a alteração genética, que já está estabelecida, leva a uma fragilidade do epitélio, que recobre os tecidos, “tanto no intestino como também fragilidade no epitélio que protege a retina. As bactérias saem do intestino, provavelmente através da circulação, chegam à circulação terminal da retina, levando à inflamação […] esse estudo abriu portas não só para entender a relevância dos micróbios que fazem parte da nossa vida, como também das relações desses fatores genéticos com a ocorrência de doenças e também a manutenção da saúde. Sabendo que seria quase impossível viver num mundo sem micróbios, é muito importante a ciência investir nas tentativas de esclarecer as interações com os micróbios e quais seriam as maneiras mais seguras para influenciar essas interações, para ter uma vida mais saudável, inclusive para a visão”.

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