Um ato inaceitável ética e criminalmente. Assim define o colunista Renato Janine Ribeiro, na coluna desta semana, sobre o caso da operadora de caixa de uma farmácia em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que elogiou Adolf Hitler por ele ter “matado pretos”. A ofensa foi dita a uma faxineira negra, de 61 anos que trabalha no local. A operadora de caixa foi demitida por justa causa e, ao recorrer na Justiça do Trabalho, perdeu a ação.
O colunista lembra que a expressão de preconceito não está amparada pela liberdade de palavras. E o objetivo da liberdade de expressão é para que diferentes formas de expressão venham à tona e permitam chegar a um resultado melhor. Mas isso não ampara a incitação ao crime ou a participação neles. “Palavras são armas e podem gerar resultados horríveis”, lembra o colunista.
Janine comenta ainda que o combate ao discurso de ódio ainda está bem insuficiente e que, nos últimos anos, houve, no Brasil, um aumento desse tipo de discurso. O professor aponta que a situação política do País atualmente mostra que uma parcela da população se sentiu autorizada, inclusive com exemplos vindos de cima, a dizer coisas odiosas sobre as outras. E isso não pode ser tolerado em uma sociedade democrática. E é exatamente por ser uma sociedade democrática que ela estabelece a palavra como um valor importante, porém, não é algo inofensivo, e precisa ser bem usada.
“Usar a palavra para melhorar a discussão pública é uma coisa. Se eu faço uso da palavra para promover o ódio ao outro, é totalmente diferente, seja ódio de raça, de cor, de religião, em suma, todas as formas de ódio que a gente tem visto aparecer e que, infelizmente, estão sendo mais toleradas do que deveriam”, finaliza.
Ética e Política
A coluna Ética e Política, com o professor Renato Janine Ribeiro, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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