A exposição Paisagem Construída: São Paulo e Burle Marx, em cartaz no Centro Cultural Fiesp, é o tema da coluna desta semana do professor Guilherme Wisnik. A mostra, da qual é um dos curadores, foca a produção paisagística de Roberto Burle Marx, “um dos maiores paisagistas do mundo no século 20, inventor de uma paisagem moderna, tropical, do sentido forte dos espaços públicos”. Wisnik conta que se procura dar ênfase às obras e projetos de Burle Marx em São Paulo, que são muitos, inclusive em parcerias com outros renomados arquitetos e urbanistas, como Paulo Mendes da Rocha. Se os projetos privados do paisagista foram realizados, contudo, o mesmo não se pode dizer dos projetos públicos realizados para São Paulo. “E isso a exposição mostra como uma espécie de denúncia”, observa o colunista.
Wisnik lembra que Burle Marx fez projetos para os principais espaços públicos da capital, os quais não foram executados, porém, e o do Parque Ibirapuera é exemplo de um projeto idealizado pelo artista plástico e paisagista, embora não implementado. Na verdade, ele projetou grandes planos urbanos para o Vale do Anhangabaú, Praça da Sé, ambos nos anos 1970, além do Parque Trianon, entre outros. “Esse legado do pensamento do Burle Marx São Paulo desperdiçou até hoje”, frisa o colunista. De modo que um dos pontos fortes da exposição é um videoanimação, de nome Futuros Abandonados, “em que a gente implanta esses projetos de Burle Marx sobre as fotos aéreas de São Paulo hoje e tenta simular, imaginar, vai descrevendo como seriam esses espaços”. Segundo Wisnik, a mostra evidencia a má relação de São Paulo com seus espaço públicos.
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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