Duas nações em busca de um desfecho

Ucrânia e Rússia se digladiam há um ano e Alberto do Amaral faz um resumo da situação desde o início da guerra, abordando, inclusive, a posição brasileira, a qual pende para uma solução pacífica

 07/03/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 08/03/2023 as 12:25

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A guerra na Ucrânia completou um ano, período a partir do qual é possível extrair algumas conclusões, na visão do professor Alberto do Amaral. “Primeiro, a invasão da Rússia no território ucraniano é uma violação do direito internacional, especialmente do artigo 2º, parágrafo 4º, da Carta das Nações Unidas, que proíbe qualquer atentado contra a independência política e a integridade territorial dos Estados, e a ideia de que somente o Conselho de Segurança, salvo nos casos de legítima defesa, pode utilizar a força; segundo, o Ocidente, de forma inusitada e inesperada pelo governo russo, lançou uma série de sanções contra Moscou.”

Essas sanções foram duras mas, no entender do colunista, não trouxeram todos os efeitos que os governos ocidentais esperavam. “Em terceiro lugar, o governo russo não está absolutamente isolado como pretendiam os países ocidentais.
O governo russo ainda tem aliados como a Índia, países do Golfo Pérsico, do Oriente Médio, da Ásia e da América Latina; em quarto lugar, a Rússia parece organizar uma grande ofensiva militar a ser deflagrada durante a primavera, com consequências imprevisíveis.”

Amaral fala em seguida sobre a posição brasileira nesse conflito. O País tem advogado uma solução pacífica para o conflito entre Rússia e Ucrânia, no sentido de um cessar-fogo, de um término provisório das hostilidades. E, para isso, o governo brasileiro pretende organizar uma série de países, um grupo de nações que não têm participação direta no conflito, para que essas nações possam mediar essa solução pacífica, apesar das dificuldades que se apresentam na consecução desse objetivo.

“A Rússia e a Ucrânia têm uma relação com a sua própria população, que passa necessariamente pela guerra. Vladimir Putin não pode sair como um perdedor, ele precisa apresentar alguma vitória e essa vitória seria a anexação da região de Donbass e uma ligação terrestre com a Crimeia, enquanto a Ucrânia não pode demonstrar que perdeu a guerra e que cedeu diante do governo russo.” Para o colunista, esses são complicadores que tornam o desfecho da guerra e o cessar-fogo difíceis, “muito embora a posição brasileira seja legítima, seja correta, o que o Brasil deve fazer nesse momento é empenhar-se na busca de um cessar-fogo, mas as dificuldades tornam o horizonte muito mais complexo e difícil”.


Um Olhar sobre o Mundo
A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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