
A taxa de desemprego foi de 7,5% no trimestre terminado em abril, de acordo com dados do IBGE. Já a desocupação atinge 8,2 milhões de pessoas. Esse foi o melhor resultado para esse trimestre móvel desde 2014 (7,2%), e os números de trabalhadores com e sem carteira assinada batem recorde. O professor Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, explica as flutuações do mercado de trabalho brasileiro.
O professor aponta que os resultados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) publicada pelo IBGE são animadores. “O interessante é você comparar esse trimestre com o anterior a ele. Nessa observação, vemos que a massa de rendimento dos trabalhadores cresceu 1,1% acima da inflação. Se mantivermos essa taxa, chegaremos a um crescimento de 5% este ano, maior que o crescimento do PIB, que se prevê na casa dos 2%.”

Agricultura e indústria
A publicação aponta que os setores que mais cresceram em ocupação foram os de agricultura, administração pública e indústria. “ A agricultura está sob um efeito sazonal, nós estamos na fase da safra. Então as empresas agrícolas estão contratando para colheita. A administração pública sofre um impacto muito grande no início do ano letivo, temos a contratação de professores, o que naturalmente levanta o setor. O setor que surpreendeu e cresceu sem esse efeito sazonal foi a indústria “, destrincha.
Segundo o docente, o estudo indica que estamos chegando a um limite da expansão do mercado de trabalho. “A PNAD calcula uma variável que se chama taxa de participação. Ela trabalha com um conceito de que a população em idade de trabalho são as pessoas que têm entre 14 e 64 anos. Essa taxa neste trimestre ficou em 62%. Esse é um nível de participação historicamente baixo. Trezentos e sessenta e cinco mil jovens entraram na idade de trabalhar neste trimestre. Portanto, era esperado que ao menos 200 mil entrassem no mercado, porém, apenas 133 mil entraram. Isso quer dizer que houve um retraimento das pessoas buscando emprego, o que também contribuiu para a queda da desocupação”, finaliza.
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