Convenções, recomendações e declarações guiam o trabalho da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, mais conhecida pela sigla Unesco. Com todos esses documentos em acordo com os desejos brasileiros, 23 locais no Brasil foram considerados Patrimônios da Humanidade, além dos nove que são classificados como imateriais. Além da extrema importância histórica e cultural dessas localidades e atividades, existe um impacto econômico que influencia o turismo diretamente.
“O reconhecimento oficial de um patrimônio pela Unesco se transformou em uma certificação de qualidade que gera mais valor ao turista — e mais lucro às empresas turísticas”, explica Vítor Silva Freire, doutorando em Turismo pela Escola de Ciências, Artes e Humanidades da USP.
Impacto do reconhecimento
O aval de valor dado ao patrimônio é uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que incentiva a preservação, por conta da maior atração de turistas, pode causar um incômodo nas comunidades locais devido à massificação e até choque de culturas.
“Para os pesquisadores espanhóis Fermín Asencio e Celeste Madariaga, da Universidade de Huelva, sem o interesse de visitação é possível que muitas expressões culturais acabem se perdendo. Mas também há outro lado, a atração de visitantes pode causar uma massificação turística, gerando reações de repúdio nas comunidades anfitriãs, que podem acabar se sentindo invadidas, especialmente quando os visitantes não respeitam os espaços sagrados e costumes de um lugar”, comenta Freire.
“Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”
Essa frase é do historiador grego Heródoto e representa bem a ideia do turismo patrimonial. “A importância do patrimônio é o registro da memória de uma sociedade, pois sem a consciência sobre o passado não há a capacidade de produzir presente ou futuro”, diz Freire.
Ele ainda acrescenta que o objetivo de tudo isso é fazer com que as crianças e adolescentes se tornem adultos preservacionistas, para que entendam que o patrimônio precisa ser preservado das depredações externas e cobrar isso do poder público, que nem sempre dá a essa herança a sua devida importância.
*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
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