Na coluna desta semana, Guilherme Wisnik homenageia os 80 anos do cantor e compositor baiano Caetano Veloso, em seus mais de 60 anos de carreira, artista que acompanhou desde sempre e sobre o qual acaba de escrever um livro, em que estabelece nexos entre a obra do compositor e o Brasil. O colunista vê Caetano como um leitor do Brasil, a partir da relação de suas músicas com o País – Tropicália aparece como uma canção original nessa reflexão. “E depois, se esse tema do Brasil se dissipa, em grande medida, nos anos 70, após o exílio, ele volta com muita força com a redemocratização, com a nova República, em 84, no disco Velô e na canção Podres Poderes.”
Wisnik dá sequência ao seu pensamento dizendo que, “num momento em que muitos dos artistas da geração dele estavam comemorando a volta da democracia […], ele estava se colocando nesse lugar diferente, de tensionamento”. Para Wisnik, esse descompasso marca sempre essa falta de adesão, ou seja, a preocupação em “botar o dedo na ferida” permanentemente, ainda que em seu disco mais recente (Meu Coco) ele, de certa maneira, se desarme, alertando que “a gente precisa se juntar para salvar o Brasil desse desastre. Então, ele recua como lugar daquele artista crítico e tenta juntar os cacos do País com base na tradição da MPB, do samba e da bossa nova. Este é o Caetano que chega aos 80 anos, um artista sempre múltiplo, sempre jovial e antenado no tempo presente”.
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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