Até que ponto a inteligência artificial pode ser usada sem comprometer a atividade jornalística

De acordo com Carlos Eduardo Lins da Silva, ninguém duvida que a IA veio para ficar, no entanto, é preciso medir com cautela o seu impacto na rotina das redações

 18/03/2024 - Publicado há 9 meses

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Carlos Eduardo Lins da Silva externa sua preocupação com o avanço da inteligência artificial no jornalismo, a partir da constatação de que cinco dos 45 finalistas do Prêmio Pulitzer deste ano usaram a tecnologia no processo de pesquisa, apuração ou redação das reportagens. Para o colunista, isso mostra que “a corporação do jornalismo começa a querer entender melhor o que é a inteligência artificial generativa e sem tanto preconceito, como nos primeiros meses depois que apareceu […] mas também mostra o cuidado com que isso vem sendo feito, com o natural receio de que problemas possam vir a ocorrer”.

O Brasil já vivencia problemas relacionados ao uso da IA no jornalismo. Recentemente, a revista Bebê, da Editora Abril, foi alvo de matéria do jornal Folha de S. Paulo, que revelou a publicação de 311 textos no site daquela  publicação, assinados por uma única pessoa, cuja existência não foi constatada nem aparece no expediente da revista. A Editora Abril acabou por excluir do site todas essas matérias, “mas, antes disso, a reportagem da Folha comprovou que, em 22 daquelas matérias, havia trechos idênticos a textos publicados por outros veículos de comunicação, inclusive a própria Folha, e havia também reprodução de falas de entrevistados que haviam sido entrevistados por outros jornalistas de outros veículos, sem dar crédito à autoria dessas matérias”.

Para Lins da Silva, isso apenas demonstra como pode ser perigoso o uso da inteligência artificial generativa, por uma série de razões, dentre as quais sobressai a questão dos direitos autorais. “Sem o critério humano, muitas vezes essas situações de plágio, de infração de direito autoral e de erros factuais gritantes podem acontecer.” Na conclusão de sua coluna, Lins da Silva sublinha a importância de se compreender, cada vez mais, o que é a inteligência artificial generativa e como esta pode influenciar o jornalismo. Ele cita uma pesquisa cujo objetivo é entrevistar jornalistas para saber o quanto conhecem a respeito dessa tecnologia e como é usada em sua atividade. “A inteligência artificial é uma coisa que veio para ficar […]  nós não podemos ignorar a existência dela nem os efeitos que pode ter sobre a nossa prática, sobre a nossa profissão. Por isso, é importante que as universidades também se dediquem a estudar o fenômeno e a estudar como os jornalistas estão encarando esse processo todo.”


Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção  da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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