Não bastassem os efeitos negativos da poluição atmosférica sobre a saúde, esse é um mal que também tem reflexos na economia. Um artigo publicado em junho passado, numa revista internacional especializada, mediu a perda de expectativa de vida decorrente dos níveis atuais de poluição do ar. Desse estudo, participaram mais de 5 mil cidades brasileiras. “O que se viu”, diz o professor Paulo Saldiva, “é que se confirma o risco de aumento da incidência de vários desfechos, como câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias, e que, se nós atingíssemos os padrões preconizados pela Organização Mundial da Saúde, teríamos um aumento da expectativa de vida, em média, no País, de zero a oito anos, ou seja, quase um ano de vida a mais. Isso é mais ou menos o que a poluição faz hoje”, mesmo com toda a redução propiciada graças a medidas de melhoria de tecnologia veicular e de matriz energética.
O fato é que as fontes que produzem poluição levam a um aumento da arrecadação, mas, ao mesmo tempo, paga-se não somente com os anos de vida produtiva perdidos, mas também com as perdas econômicas. “E todos nós pagamos por algo que não temos controle e dependemos de políticas públicas.” Para o colunista, não existe outra saída, a não ser a formulação de políticas ambientais, “que estão sendo fragilizadas nesses anos, às custas de um diálogo um pouco hostil entre produção e saúde”. No mais, o papel da ciência é fornecer bases para que as políticas públicas possam ser implantadas.
Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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