USP SUSTENTÁVEL

Além de amenizar o clima, arborização urbana reduz a poluição e ajuda no controle de arboviroses

Apesar dos benefícios, especialistas explicam que ainda existem problemas no processo de distribuição das árvores nas grandes metrópoles

 23/01/2025 - Publicado há 2 meses     Atualizado: 19/02/2025 às 11:12
Por

A arborização urbana funciona como um filtro, auxiliando na redução da poluição e na amenização do clima – Foto: Moises Dorado dos Santos
Logo da Rádio USP

De acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, cerca de 26% do território da capital paulista é composto de áreas verdes, incluindo espaços de preservação ambiental administrados por diferentes esferas do poder público. Apesar disso, especialistas afirmam que a arborização da cidade é insuficiente e enfrenta desafios na sua implementação e manutenção.

A presença de vegetação na cidade desempenha papel fundamental na mitigação de problemas como enchentes, poluição atmosférica e ilhas de calor, além de promover bem-estar psicológico à população. No entanto, dificuldades como quedas de árvores, que causam interrupções de energia elétrica, falta de planejamento na escolha das espécies e manutenção inadequada seguem sendo questões recorrentes.

Impacto climático

Mulher branca, ainda jovem, cabelos claros, falando num microfone
Helena Ribeiro – Foto: Maria Leonor de Calasans/IEA

Conforme a professora Helena Ribeiro, professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, as árvores possuem grande impacto na melhoria do “ambiente atmosférico”, termo que abrange aspectos do clima e da composição do ar. “A arborização urbana funciona como um filtro, retendo partículas suspensas no ar e ajudando a diminuir a poluição. Além disso, reduz a temperatura, o que interfere nas reações químicas dos poluentes, principalmente os gases”, explica.

Um dos efeitos mais conhecidos do ambiente atmosférico urbano são as ilhas de calor, fenômeno em que regiões com menor cobertura vegetal apresentam temperaturas mais altas. Segundo Helena, o problema é histórico e também é observado em São Paulo. Ela cita melhorias na arborização ao longo das Marginais, por exemplo, que ajudaram a reduzir os extremos de temperatura registrados nessas áreas anteriormente.

Maria Anice Sallum – Foto: FSP

De acordo com a professora Maria Anice Sallum, do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, as ilhas de calor também contribuem para a transmissão de arboviroses, como a dengue. O aumento da temperatura acelera o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti e do vírus dentro do organismo do inseto, reduzindo o tempo necessário para que ele se torne um vetor da doença.

Políticas públicas

Homem branco, jovem, cabelos escuros que deixam visível parte da testa, trajando camisa de cor clara
Demóstenes Ferreira – Foto: Esalq

 

Para Demóstenes Ferreira, professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, existem falhas no planejamento das calçadas paulistanas e esse é um problema central na discussão sobre a arborização. Ele sugere uma solução tecnológica chamada Soil Cells, ainda não implementada no Brasil, mas amplamente utilizada em outros países. Essa tecnologia consiste em estruturas plásticas que sustentam o piso das calçadas sem compactar o solo, permitindo a drenagem da água e o plantio adequado de árvores.

“O concreto das calçadas impede a respiração das raízes, que acabam se espalhando pela superfície, causando rachaduras e irregularidades. Além disso, as árvores ficam instáveis e mais suscetíveis a quedas em tempestades. Com as Soil Cells, é possível resolver problemas de enchentes, apagões e calçadas irregulares de forma integrada”, destaca.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.