Em sua última coluna do ano, o professor Pedro Dallari abre seu comentário lamentando que o ano que está se encerrando tenha sido marcado por extrema dificuldade e transcorrido sob o signo da pandemia da covid-19, que afetou a saúde e a vida de milhões de pessoas em todo o planeta. Mais do que isso: “A pandemia desvelou e exacerbou o quadro de extrema exclusão social que marca o planeta, demonstrando que os benefícios da globalização deixaram de fora a maior parte da população mundial”. Apesar desse cenário, Dallari vê sinais positivos para 2021. “Estão a caminho as vacinas para prevenir a covid-19, que começam a ser produzidas e aplicadas em parte do mundo.” O futuro acena ainda com medidas e políticas que combatam o quadro de exclusão social, como fez a União Europeia recentemente, aprovando a liberação de recursos para a recuperação da economia do continente. A troca de governo nos EUA, com a substituição do isolacionista Trump pelo multilateralista Joe Biden, é outro sinal positivo.
Já para o Brasil, as perspectivas não são tão boas, na visão do colunista. “Aqui, os efeitos da pandemia vão se prolongar : janeiro verá a marca oficial de 200 mil mortos por covid-19, com o número ainda crescendo de maneira acentuada, em um cálculo que é até subestimado pela falta de uma testagem mais efetiva.” Dallari observa ainda que, ao contrário do que ocorre em outros países, o Programa de Vacinação no Brasil ainda não existe. “E a tendência é que a crise social e econômica se agrave em 2021”, seja por causa do fim do auxílio emergencial, seja por conta da inflação do preço dos alimentos e pelo aumento do desemprego. “Tudo sem falar ainda da crise ambiental gerada pelo desmatamento e pelo aumento das queimadas.” Para Dallari, 2021 vai exigir da universidade brasileira maior empenho no acompanhamento desse quadro extremamente grave, além do compromisso na defesa de soluções que protejam a população mais pobre do País.
Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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