Pílula Farmacêutica #98: Uso excessivo de laxantes pode causar dependência e mascarar doenças graves

Para tratar prisão de ventre, melhor manter hábitos de vida saudáveis, ingerir bastante água e alimentos ricos em fibra; persistindo o problema, um médico deve ser consultado

 21/02/2022 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 22/02/2022 às 14:07
Jornal da USP no ar: Medicina
Jornal da USP no ar: Medicina
Pílula Farmacêutica #98: Uso excessivo de laxantes pode causar dependência e mascarar doenças graves
/

Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Kimberly Fuzel, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, alerta sobre o uso indiscriminado dos laxantes, remédios para a constipação intestinal, e dá dicas importantes para garantir o bom funcionamento do intestino.

O que são laxantes?

Laxantes são medicações com a função de facilitar a evacuação em quadros de constipação, informa a acadêmica. Esses remédios atuam na absorção e secreção do intestino, modificando a consistência, a forma e a quantidade das fezes.

Quais são os diferentes tipos e como funcionam os laxantes?

Segundo Kimberly, existem os formadores de massa, os emolientes, os osmóticos e os estimulantes. Os formadores de massa, geralmente, são feitos a base de fibras alimentares ou mucilagens (substâncias gelatinosas que aumentam de volume com a água). Começam a fazer efeito a partir de dois a três dias após a ingestão, atuam de forma mais suave e são os mais seguros para as evacuações regulares.

“Os laxantes emolientes agem como detergentes”, conta a acadêmica. Agem diminuindo a tensão superficial das fezes para que mais água penetre e as amoleça. Como não induzem movimentos peristálticos intestinais (contração), “não são considerados verdadeiros laxantes”. Alguns exemplos são os óleos minerais e vegetais que não devem ter uso laxante prolongado pois podem interferir na absorção de vitaminas, como a A, D, E e K.

Os osmóticos, continua Kimberly, “atuam retirando água presente nas paredes do intestino grosso e mandando para as fezes que, diluídas, são eliminadas mais facilmente. Mas, este tipo de laxante estimula contrações, podendo causar cólicas.

Os estimulantes atuam diretamente nas paredes do intestino grosso, provocando contrações para deslocar as fezes. Leva de seis a oito horas para fazer efeito e também provoca cólicas. O uso prolongado pode danificar o intestino, causar dependência e ainda desenvolver a síndrome do intestino preguiçoso. 

Perigo do uso prolongado de laxantes

O uso de laxantes a longo prazo pode trazer diversos problemas de saúde. A dependência é uma delas, já que “o intestino pode passar a funcionar apenas quando é estimulado pelo medicamento”, diz Kimberly.

Pode também causar inflamação intestinal e diminuir a absorção de minerais e vitaminas essenciais para o organismo. Sem contar nas milhões de bactérias, aliadas da digestão, que vivem em equilíbrio na microbiota intestinal e podem ser eliminadas por conta de diarreia provocada. O pior, no entanto, é que os laxantes podem mascarar doenças graves “como a diverticulose e o câncer colorretal”, adverte a acadêmica.

O ideal, adianta Kimberly, é adquirir hábitos de vida saudáveis, beber pelo menos dois litros de água por dia e ingerir alimentos ricos em fibra todos os dias. Se o problema persistir, um médico deve ser consultado.


Pílula Farmacêutica
 
Apresentação: Kimberly Fuzel e Giovanna Bingre
Produção: Professora Regina Célia Garcia de Andrade e Rita Stella
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Coordenação: Rosemeire Talamone
Horário: segunda e quarta, às 10h40
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
Veja todos os episódios de Pílula Farmacêutica .

Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.