
Até a década de 1920 a comunidade médica e científica possuía muitas dúvidas sobre o tratamento e prevenção da tuberculose, situação que foi revertida com o desenvolvimento da vacina BCG. Mas, apesar do avanço da ciência farmacêutica, a tuberculose ainda é uma das doenças infecciosas que mais matam no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Kimberly Fuzel, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, traz mais informações sobre a vacina BCG, que até os anos de 1970 era administrada oralmente.
Kimberly conta que a vacina, desenvolvida pelos franceses Léon Calmette e Alphonse Guérin, demorou cerca de 13 anos para ser produzida e foi pensada a partir do enfraquecimento da bactéria causadora da versão bovina da tuberculose. Após as pesquisas, os cientistas perceberam que ela causava uma resposta imune protetora nos humanos, sem causar a doença.
BCG no Brasil
Batizada de Bacilo de Calmette e Guérin, a vacina BCG começou a ser aplicada no Brasil em 1927 por via oral. A acadêmica explica que na época a imunização era precária, irregular e dependia de cada Estado da federação. Em 1970, por conta da criação do Programa Nacional de Imunização, a BCG passou a ser obrigatória para os recém-nascidos, e agora é oferecida para todas as crianças brasileiras até os 4 anos de idade.
De acordo com Kimberly, a vacina protege contra as formas mais graves da tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar. “Infelizmente a vacina não impede o indivíduo de ser infectado pela doença, mas ajuda garantindo que ela não se agrave.”
Aplicação da vacina
A acadêmica explica que, quando aplicada, a BCG envia para o organismo uma versão enfraquecida da bactéria que causa a tuberculose, o que consegue estimular o sistema imunológico criando anticorpos para o combate da doença.
Disponibilizada gratuitamente pelo Ministério da Saúde, a vacina atualmente é aplicada o mais cedo possível; Kimberly conta que é recomendada a imunização nas primeiras 12 horas de vida da criança, ainda na maternidade. Mesmo assim, a BCG é destinada a crianças na faixa etária do nascimento até os 4 anos.
BCG e os efeitos colaterais
Segundo a acadêmica, a vacina quase sempre deixa uma cicatriz de até 1cm de diâmetro e efeitos como esse podem ser esperados. “Os possíveis eventos adversos podem estar relacionados com isso, causando úlceras com mais de 1cm ou que demoram demais para cicatrizar, ou ainda gânglios e abscessos na pele e nas axilas.”
Os efeitos adversos da vacina BCG são raros, explica Kimberly, e a vacinação é muito importante. A tuberculose “é uma doença que possui grande facilidade na transmissão, e a vacina proporcionou uma grande mudança na realidade de vários países que apresentavam uma situação endêmica por conta da tuberculose”, complementa.
Coordenação: Rosemeire Talamone