
Pesquisadores da USP trabalham no sequenciamento genético de pacientes infectados pela covid-19. A ideia é entender os mecanismos de funcionamento da doença e as condições genéticas que levam às suas diferentes manifestações, ou seja, pessoas jovens podem ter quadros graves e idosos podem ter a covid-19 em sua forma leve. A coordenadora do projeto acredita que os resultados podem modificar a condução das políticas públicas de saúde, já que o isolamento social poderia ser restrito aos grupos com risco genético detectado, assim como a prioridade, numa eventual vacinação, enquanto as pessoas que apresentarem menos probabilidade de manifestação grave da covid-19, ou seja, as que possuem genes protetores, poderiam retomar suas atividades.
A coordenadora do estudo, Mayana Zatz, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências e diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, explica que uma das principais vantagens do sequenciamento genético de pessoas infectadas pela covid-19 é descobrir quais são os genes de risco, para possibilitar o aumento da proteção dessa população e priorizar a vacinação e os medicamentos: “Essas pessoas devem ser muito mais protegidas e deveriam ser priorizadas quando começarem as campanhas de vacinação. Por outro lado, aqueles que a gente descobre que têm genes protetores, eles poderiam ficar mais sossegados e voltar ao trabalho e às atividades normais muito antes”.
Mayana informa que a ideia do projeto partiu da grande variabilidade clínica das pessoas infectadas ou em contato com o novo coronavírus. Há pessoas que desenvolvem formas muito graves da doença, pessoas que têm manifestação leve e uma grande proporção de assintomáticos, sem sinal clínico algum, apesar de terem tido contato próximo com pessoas infectadas. “A gente quer entender o porquê dessa variabilidade. A gente acredita que a resposta está na genética, então teria genes de risco naquelas pessoas que desenvolvem as formas mais graves e genes protetores nas pessoas que ficam assintomáticas.”
O sequenciamento genético se apresenta atualmente como um aliado para desvendar o funcionamento do novo coronavírus no organismo e tem tido papel fundamental no mapeamento de doenças, principalmente as raras, como explica Maria Rita Passos Bueno, também do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências e do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP: “A gente hoje conhece o mecanismo genético de mais de 80% dessas doenças raras, que têm pelo menos 7 mil doenças catalogadas. Sem esse sequenciamento, isso não seria possível”.
O sequenciamento genético de infectados pela covid-19 é realizado em pacientes voluntários. O foco são os assintomáticos e os superidosos, pessoas que passaram dos 90 anos de idade e tiveram quadro leve da doença. Para participar do estudo, basta enviar e-mail para estudocovid@gmail.com.
Para saber mais sobre o sequenciamento genético de pacientes infectados pela covid-19, ouça o podcast na íntegra pelo player acima.
Momento Tecnologia
Produção: Felipe Bueno J. Perossi
Edição de som: Felipe Bueno
Produção geral: Cinderela Caldeira
E-mail: ouvinte@usp.br
Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35
O Momento Tecnologia vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35 – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast Veja todos os episódios do Momento Tecnologia