
O novo coronavírus tem feito milhares de vítimas em várias partes do globo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, na primeira quinzena de abril foram contabilizados mais de dois milhões de contaminações confirmadas. Alguns países têm adotado estratégias para conter o avanço da doença. Paralelamente, vários cientistas trabalham em busca de tratamentos possíveis, dentre eles, a criação da vacina, como a que está em desenvolvimento na USP.
O responsável por guiar os trabalhos de desenvolvimento da vacina para a covid-19 é o professor Jorge Kalil, da Faculdade de Medicina da USP, que explica a estratégia usada para a criação do produto: “A estratégia que nós estamos utilizando é o desenvolvimento de uma partícula semelhante ao vírus, que seja parecida como uma casca do vírus, isso vem do inglês VLP (Virus Like Particle). O que nós fazemos? Nós temos uma estrutura de proteínas que se juntam para formar essa casca do vírus e nela colocamos fragmentos da proteína principal de ligação do vírus com a célula”. Depois, a VLP é injetada no indivíduo para a criação de anticorpos que vão reconhecer a estrutura do novo coronavírus e impedir que penetre nas células.
Kalil informa que, após o desenvolvimento estratégico da vacina, parte-se para os testes em animais, a fim de comprovar a não toxicidade do material, a efetividade e, posteriormente, escalonar para chegar aos testes em humanos, o que deve levar em torno de um ano e meio.
Atualmente, as vacinas são primordiais para a manutenção da saúde em massa, mas não é de hoje que são usadas para o controle de doenças. Segundo Wasim Aluísio Sayed, presidente do Vidya Academics, membro do Grupo de Bioinformática da Faculdade de Medicina e da União Pró-Vacina e aluno de graduação do curso de Ciências Farmacêuticas da USP em Ribeirão Preto, a história da imunização é antiga e há registros desde as civilizações antigas, numa técnica chamada variolação, que sofreu modificações e, na Inglaterra, o cientista Edward Jenner em 1796 publicou estudos analisando uma nova técnica, intitulada vacinação.
A produção das vacinas para diversas doenças, como HPV e influenza, apesar de ser em larga escala e abranger altos números populacionais, sofre a ameaça do aumento de registros de doenças, como o sarampo, devido às campanhas do movimento antivacina. Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista e coordenador do Ambulatório de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, comenta que, após a criação da vacina para o novo coronavírus, o movimento antivacina pode causar impacto caso a imunização seja recomendada para toda a população, uma vez que pessoas não vacinadas podem significar a reintrodução da doença na comunidade, já que “aqueles indivíduos que não foram vacinados, ou que têm risco maior de evolução mais grave e foram vacinados, mas não produziram tanto anticorpo, acabam ficando suscetíveis.”
Para Kalil, é importante que o Brasil desenvolva sua própria vacina, pois poderá priorizar a imunização de sua própria população e, posteriormente, exportar a tecnologia para outros países. Para saber mais sobre os processos que envolvem a criação da vacina para o novo coronavírus, ouça o podcast na íntegra com reportagem de Kaynã de Oliveira.
Momento Tecnologia
Produção: Felipe Bueno J. Perossi
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