
A Faculdade de Medicina (FM) lançou, no dia 21 de outubro, o “FMUSP Endowment”, um fundo composto por doações financeiras que será investido na formação médica, em projetos estudantis e na capacitação de alunos da Faculdade.
Entre as diversas ações financiadas pelo fundo estão o “Curso Fronteiras da Medicina”, que leva informações à comunidade por meio de exposições e palestras; a aproximação dos alunos do Núcleo de Inovação do Hospital das Clínicas; e o financiamento de bolsas de intercâmbio, cursos de idiomas e participação em congressos.
“A ideia do endowment nasceu e tem sido trabalhada pelos estudantes da Faculdade de Medicina já há algum tempo, com grande apoio institucional. O fundo será revertido em benefícios aos estudantes da Faculdade, complementando as ações de ensino e das extensões”, afirmou o diretor da FM, José Otávio Costa Auler Júnior.
Muito comum no exterior, o endowment é um fundo constituído por doações feitas a uma instituição, administrado por equipes específicas e aplicado no mercado financeiro para criar um patrimônio e gerar rendimentos contínuos, que podem ser usados para o financiamento de projetos e bolsas de estudo.
Embora não seja o primeiro exemplo de endowment na Universidade – a Escola Politécnica lançou a iniciativa “Amigos da Poli” em 2012, e o Fundo Patrimonial da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) existe desde 2014, só para citar alguns exemplos –, o “FMUSP Endowment” surge dentro do programa “Parceiros da USP” e segue uma das principais diretrizes atuais da Universidade: a aproximação com a sociedade.
“A universidade moderna tem que se relacionar com o público externo para conhecer as necessidades da sociedade. Fiel a essa concepção, a USP tem procurado manter contato com os diversos atores da sociedade”, explica o reitor Marco Antonio Zago.
“Parceiros da USP”
Criado pela Resolução 7.157, de 10 de dezembro de 2015, o Programa “Parceiros da USP” traça as diretrizes a respeito de formas de doações a serem feitas para a USP, e outros meios de parceria e programas, no intuito de viabilizar a entrada lícita de recursos nos cofres universitários.

O programa compreende ações de comunicação e divulgação sobre formas de colaboração com a Universidade por parte da comunidade uspiana e da sociedade civil, especialmente por meio de doações de bens móveis e imóveis; doações em espécie; doações de acessões artificiais (como, por exemplo, reformas ou construções); e cessões de direitos sobre projetos e outras formas de propriedade intelectual. Também fazem parte do programa ações de prospecção de oportunidades de parceria, inclusive mediante o uso dos mecanismos das leis de incentivo à cultura e à inovação.
Em várias universidades norte-americanas, o endowment cobre uma parte substancial das despesas da instituição, – por exemplo, o financiamento bolsas de estudo a alunos talentosos que não têm condições de arcar com as despesas do curso.
No caso da USP, o principal objetivo do programa é ampliar o contato com a sociedade. “A universidade brasileira, por várias razões, afastou-se demais da sociedade, de seus ex-alunos. Muito mais do que os recursos financeiros – que são uma fonte de renda importante, mas complementar –, o que importa nessa aproximação é identificar e trazer para dentro da universidade as expectativas da sociedade que a mantém. Somos uma universidade pública, temos um compromisso com a sociedade”, explica o vice-reitor Vahan Agopyan.
Segundo o dirigente, em quase um ano de programa, muitas iniciativas interessantes já estão em andamento. Um bom exemplo é o projeto “USP do Futuro”, uma consultoria que visa à melhoria da gestão da Universidade, bem como ao aprimoramento e à ampliação da relação da Instituição com a sociedade e o setor produtivo. Os custos do projeto, que está sendo desenvolvido pela consultoria McKinsey, estão sendo pagos, em forma de doação, por um grupo de ex-alunos da Universidade.
Mudança de cultura
Para Agopyan, o programa “Parceiros da USP” sinaliza uma necessidade de mudar a cultura não só da USP, mas do país. “No Brasil, poderíamos ter algumas atitudes mais proativas, como a mudança na Legislação para incentivar as doações para a área da Educação – assim como acontece com a Cultura e os Esportes – e aumentar a transparência, fundamental para garantir aos doadores a confiança de que seus recursos estão sendo bem empregados”, explica.
A Universidade também tem investido em outras ações para aumentar a interação com a sociedade, como o portal Alumni USP, uma plataforma criada para formar uma rede de ex-alunos, para manter o contato com a Universidade, oferecer oportunidades de trabalho e de educação continuada, compartilhar experiências e fazer doações. “Além disso, as Pró-Reitorias de Graduação e de Pós-Graduação têm se esforçado para identificar as necessidades e os anseios da sociedade, levando-os em consideração para reformar ou propor novos cursos”, finaliza Agopyan.
(Fotos: Faculdade de Medicina e Ernani Coimbra)