A USP e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês), conhecido como o “Banco dos Brics”, assinaram, no dia 10 de agosto, um protocolo de intenções para a cooperação internacional. Participaram da cerimônia, realizada na sala do Conselho Universitário, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, o presidente do NDB, o diplomata e sociólogo Marcos Prado Troyjo, e o diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, Guilherme Ary Plonski.
Carlotti destacou que a colaboração com o NBD é um exemplo da articulação da USP não só para fornecer conhecimento, mas também absorvê-lo por vários atores institucionais. “Um dos principais objetivos da atual gestão é aproximar mais a Universidade da sociedade, o que deve se dar de várias formas, entre as quais o intercâmbio com organizações da sociedade civil, a elaboração de políticas públicas e a facilitação do acesso de empresas aos laboratórios e grupos de pesquisas”, afirmou.
Para ele, esse será o grande diferencial das universidades para não apenas produzir conhecimento, mas também ampliar seu impacto local e regional: “A USP tem de olhar para o que pode ser mudado em benefício da população de São Paulo”, disse.
O reitor ressaltou, ainda, o papel a ser assumido pela academia diante das transformações muito rápidas no mundo, em função das necessidades reveladas pela pandemia da covid-19, “para as quais ninguém estava preparado e com repercussões em vários países, como a mudança de rotas de produtos, alterações que terão impacto em quanto produzir, quanto verticalizar a produção e quanto exportá-la”.
Para Troyjo, a globalização está entrando num novo ciclo, que deve alterar o panorama dos países e do mundo nos próximos 15, 20 anos e a essência dessa nova fase da globalização é a mudança para um novo ciclo, depois de tantos outros como cana-de-açúcar, café, borracha, aço e microprocessadores. “Trata-se do ciclo do talento, com a substituição da factory pela mind factory. E qual é a grande instituição geradora de talento? É a universidade”, afirmou.
Após a assinatura do acordo, Troyjo proferiu uma palestra que faz parte do ciclo “A USP e Governança Global”, organizado pelo IEA. Para ele, essa e outras características dessa nova fase da globalização compõem um cenário com oportunidades sem precedentes para o Brasil e instituições como a USP.
Perfil
Diplomata de carreira, Marcos Prado Troyjo foi eleito em maio de 2020 para presidir por cinco anos o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), no qual anteriormente foi presidente do Conselho de Administração e diretor para o Brasil.
Ele é doutor em sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e realizou pesquisa de pós-doutorado na Universidade Columbia, EUA, na qual lecionou na Escola de Assuntos Internacionais e Públicos e no Centro de Governança Econômica Global. Também atuou como docente na Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e Administração Pública (Ranepa), onde foi professor visitante.
Troyjo ocupou os cargos de secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, governador suplente do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), membro do Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial (Bird) e representante em nível de diretoria em várias outras instituições multilaterais de desenvolvimento. Também atuou nos conselhos consultivos de diversas instituições com e sem fins lucrativos.
Ele foi colunista de opinião do jornal Folha de S.Paulo e escreveu também para outros veículos de comunicação no Brasil e no exterior. É autor, entre outros, dos livros “Tecnologia e Diplomacia”, “Nação-Comerciante” e “Manifesto da Diplomacia Empresarial e Outros Escritos”.
A seguir, assista à conferência na íntegra: