O Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP, em parceria com o Instituto Um Novo Olhar, liderado pela médica Carla Góes, acaba de criar o Programa de Assistência Multidisciplinar à Violência Doméstica, primeiro serviço psiquiátrico da América Latina especializado no tratamento de vítimas de violência doméstica.
A iniciativa tem o diferencial de buscar prevenir desfechos negativos advindos das desordens mentais decorrentes da violência, além de tratar os agressores e interromper o ciclo da violência, bem como capacitar profissionais da saúde para atuarem na área da violência doméstica e sexual. O programa também deverá levantar e identificar dados científicos relevantes ao fenômeno para indicar novas intervenções de prevenção e tratamento.
“Trata-se de uma iniciativa pioneira de cuidados, prevenção, pesquisa e educação para suprimir o ciclo da violência doméstica, bem como para replicar esse modelo de atenção para além dos muros da Universidade, gerando conhecimento para que outros serviços possam também prestar atendimento de referência a essa população tão vitimizada”, explica Wagner Gattaz, médico psiquiatra, presidente do conselho diretor do IPq e responsável pela criação do programa.
A parceria com o IPq ampliará o escopo do Instituto Um Novo Olhar, primeira instituição social do País a oferecer atendimento médico gratuito a mulheres vítimas de violência, especialmente de reconstrução facial, e também assistência social, jurídica e psicológica.
O principal quadro psiquiátrico resultante da violência é o transtorno do estresse pós-traumático, caracterizado por presença de um ou mais sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência. Os sintomas acometem o equilíbrio emocional, com elevado potencial para o desenvolvimento de graves incapacidades funcionais.
Implantação e estruturação
Os recursos para a implantação e estruturação do Programa de Assistência Multidisciplinar à Violência Doméstica foram disponibilizados ao IPq por emenda parlamentar da deputada federal (SP) Maria Rosas, com verbas de R$ 500 mil no primeiro ano. Rosas atua na defesa de valores e princípios da família, nas causas da pessoa com deficiência, da mulher e na área da educação.
O programa terá duração inicial de 5 anos, previsão de R$ 3,1 milhões e objetivo de atender pelo menos mil vítimas por ano. Contará com médicos psiquiatras, psicólogos, assistente social e auxiliar administrativo.
A iniciativa é importante, dado o aumento crescente de violência doméstica no País, agravado com a pandemia de covid-19. Segundo Carla, no primeiro semestre de 2022, o Instituto Um Novo Olhar acolheu 78 mulheres vítimas de violência doméstica. Dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) apontam que, no mesmo período deste ano vigente, foram registradas cerca de 31,4 mil denúncias de violência doméstica sofridas por mulheres em todo o Brasil – uma média de quase 173 casos por dia.
De acordo com Gattaz, a proposta é também estender a assistência psiquiátrica a outros grupos vítimas de violência doméstica, como crianças e idosos – todas as vítimas de violência doméstica são indefesas, contudo, crianças e idosos não têm sequer estratégias intelectuais e cognitivas para lidar com a situação.
O Instituto Um Novo Olhar, que tem sede em São Paulo e atuação em todo o Brasil, ficará responsável por encaminhar pacientes ao IPq após fazer o devido acolhimento das vítimas que chegarem por meio do canal de denúncias do Instituto Um Novo Olhar no WhastApp (11 93700-1200). As vítimas que precisarem de atendimento devem entrar em contato por meio desse número. |
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Da Assessoria de Comunicação do IPq