Políticas públicas podem auxiliar no combate à violência doméstica na pandemia

Maria Arminda Arruda, coordenadora do escritório USP Mulheres, alerta para uma dizimação de mulheres de determinadas camadas sociais dentro do ambiente doméstico

 29/06/2020 - Publicado há 4 anos
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Que papel tem as políticas públicas no auxílio às mulheres que têm sido atingidas pela crise? Quais os programas promovidos pelo Estado para ajudá-las? Para responder a essas e outras questões, o Jornal da USP no Ar conversou com a professora Maria Arminda Arruda, diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenadora do escritório USP Mulheres. 

A professora diz que políticas públicas, neste momento de pandemia, são da maior importância, mas reforça que devemos pensar a pandemia como uma situação heterogênea. “Há mulheres, não uma mulher. Uma mulher é aquela que mora nas comunidades, nas favelas, que é chefe de família e tem de sair de casa para buscar o sustento da família. Outra mulher é a da classe média, a acadêmica, por exemplo”, aponta. 

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A professora continua dizendo que, apesar de chegar a todas, a pandemia atinge mais algumas mulheres que outras. “E as mulheres das periferias das grandes metrópoles? Nesse contexto a desigualdade aumenta, inclusive em relação à violência doméstica. Estamos vivendo uma espécie de dizimação de mulheres de uma certa camada social dentro do espaço doméstico, e esse quadro foi agravado pela pandemia. Por isso, é necessária uma ação efetiva dos órgãos públicos”, explica. “Nesse sentido, a USP e o escritório USP Mulheres lançaram a campanha USP Unida pela Igualdade de Gênero, inicialmente mais referida à comunidade USP, e estamos lançando uma campanha contra a violência doméstica.” 

O escritório USP Mulheres, em conjunto com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV), conseguiu um financiamento a fim de treinar guardas municipais para atender à violência contra a mulher. “Além da dificuldade, por diversos motivos, em denunciar a violência, muitas mulheres são submetidas a constrangimentos, com perguntas como ‘O que você fez?’ e outras do gênero, quando chegam a realizar denúncias, como se houvesse justificativa. A Universidade precisa ser uma parceira desse esclarecimento”, aponta a professora. 

As pesquisas feitas pela Universidade, segundo Maria Arminda, funcionam como um retorno à sociedade, já que, por meio dos dados obtidos, é possível verificar locais, camadas sociais e condições em que a violência contra a mulher é maior. “É preciso, no entanto, de políticas públicas para isso, já que são projetos de difícil execução. Revelar as possibilidades para atenuar a violência é uma das contribuições que podemos dar”, completa. 


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