Museu do Ipiranga discute a inserção das travestis no mercado de trabalho formal

Palestra aborda histórias de lutas travestis para debater oportunidades e desafios encontrados pela comunidade no ambiente de trabalho

 Publicado: 12/06/2024
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Em pesquisa realizada pela Santa Casa de São Paulo em 2020, apenas 13,9% das mulheres trans e travestis tinham emprego formal no Estado – Foto: Foreign, Commonwealth & Development Office/Flickr/CC BY 2.0

No próximo sábado, 22 de Junho, o Museu do Ipiranga recebe o público para o evento As possibilidades de trabalho das travestis na cidade de São Paulo – dos anos 1980 à atualidade. As atividades começam com um debate, das 14 às 16 horas, sobre a luta pelo reconhecimento da identidade travesti e suas repercussões em diversas esferas sociais, em especial a do trabalho. Depois da palestra, os visitantes serão convidados a conhecer a exposição Mundos do Trabalho, das 16 às 18 horas. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser realizadas neste link até o dia 16.

Ana Paula Nascimento – Foto: Divulgação

O evento é coordenado por Ana Paula Nascimento, docente do Museu Paulista da USP e curadora-adjunta da exposição Mundos do Trabalho. “Como investigadora desta linha de pesquisa, pareceu-me importante ampliar a discussão sobre a participação de diferentes atores históricos e suas práticas laborais na sociedade e na cidade, esta entendida como artefato, algo complexo e historicamente produzido”, diz a professora. 

A palestra tem como convidado especial o sociólogo Henrique Siqueira. Ele é pesquisador de fotografia e de cidades, com foco na sociedade e cultura de São Paulo. Desde 2008, coordena publicações e desenvolve curadorias no Museu da Cidade de São Paulo.

Novas perspectivas

Nos últimos anos, Henrique tem alinhado suas pesquisas ao movimento do Museu de reler seus acervos, questionando as circunstâncias hegemônicas de suas formações e trazendo luz às histórias da cidade e de sua sociedade. 

Henrique Siqueira – Foto: Ale Ruaro

“A pesquisa me permitiu formular a hipótese de que, entre outros exemplos, os grupos LGBTs estiveram e ainda estão marginalizados por uma conjuntura estrutural do apagamento, que visa a manutenção de privilégios e controle da sociedade branca e heteronormativa eurocentrada”, comenta o sociólogo.

Henrique conta que a palestra pretende abordar, como exemplo, a trajetória de Brenda Lee. Ela foi uma das pioneiras no acolhimento de pessoas com HIV no Brasil, incluindo também a população travesti na rede de assistência médica e social organizada por ela no chamado Palácio das Princesas, pensão de Brenda no bairro do Bixiga.  

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“Essa inclusão forçou o Estado a mensurar o grupo social nas estatísticas, um dos fatores que levou a pesquisas que estão permitindo desenhar o perfil dessa comunidade e formular políticas públicas inclusivas. Assim, paralelamente a mudanças culturais das últimas décadas, a entrada na estatística possibilita o gradual acesso à saúde e previdência, educação e trabalho formal, anteriormente estruturalmente apagados e envoltos na informalidade”, destaca.  

Mais informações: corpo docente do Museu Paulista no endereço acadmp@usp.br

 

*Estagiária sob supervisão de Tabita Said


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