A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) divulgou na segunda-feira, 6, a lista dos melhores do ano de 2022. A organização premia produções culturais em diferentes categorias desde 1956. O programa 100 Anos do Rádio, da Rádio USP (93,7 MHz), foi vencedor na categoria Valorização do Rádio. Trata-se de uma série de boletins, com 40 episódios de seis a dez minutos cada, sobre a história da radiodifusão brasileira, que foi ao ar de agosto a setembro de 2022.
O radialista Cido Tavares, apresentador e produtor sonoro do programa, destaca que o cenário político recente é de desprezo pela cultura e que ser agraciado com o prêmio neste momento é “uma grande honra”.
Tavares idealizou a série em parceria com a produtora Heloisa Granito e o sonoplasta Dagoberto Alves. De acordo com o apresentador, o programa nasceu no estúdio, quando ele sonorizou o material escrito e as entrevistas realizadas por Heloisa com especialistas. Um dos desafios durante esse processo foi ter que refazer efeitos sonoros antigos, que não existem mais, para a produção sonora do programa.
Heloisa diz que o objetivo dos episódios era mostrar a transformação do rádio e sua relevância no centenário de sua chegada ao Brasil. “Nós fizemos entrevista falando de podcast, que é o rádio na internet, por exemplo, para mostrar que o rádio muda e tem várias fases, mas mantém sua importância.”
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A produtora Heloisa Granito, o apresentador Cido Tavares e o sonoplasta Dagoberto Alves – Foto: Cristiane Pradella
Além dos podcasts, temas que tratam do desenvolvimento do rádio desde 1922 foram abordados ao longo das semanas em que 100 Anos do Rádio esteve no ar. “Eu me baseei nos próprios fatos que o rádio trouxe ao longo da sua história, corri atrás de registros de programas antigos, porque cada episódio do documentário era sobre um tema específico”, explica Tavares.
O primeiro episódio do programa abordou o surgimento do rádio no Brasil, no dia 7 de setembro de 1922, durante as celebrações do centenário da Independência. Os episódios seguintes destacaram assuntos relacionados à origem da radiodifusão no Brasil, como a primeira emissora, a Rádio Clube de Pernambuco e a trajetória de Edgard Roquette-Pinto, considerado o “pai da radiodifusão” no País.
A estrutura dos demais episódios é semelhante: especialistas são convidados para a discussão e têm suas falas intercaladas por efeitos sonoros e inserções de áudios que ilustram o tema. Dentre os diversos assuntos, o programa teve episódios específicos sobre a participação feminina no rádio, radionovelas, os primórdios do radiojornalismo e personalidades importantes, como o padre Landell de Moura, que registrou a primeira patente de rádio do mundo.
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Cem anos nas ondas do rádio
No mês em que comemora o seu centenário, o rádio continua cada vez mais jovem, ativo e fazendo história no cumprimento de seus objetivos: informar, entreter e prestar serviço ao ouvinte
A série finalizou contando a história da Rádio USP, fundada em 1977, e teve a presença do ex-diretor Luiz Fernando Santoro como entrevistado. A experimentação e a inovação como características importantes do veículo são frisadas ao longo do episódio, que também apresenta trechos de programas antigos.
“Nós fazemos a ponte entre o ouvinte, a cultura e a Universidade”, declara Tavares sobre a Rádio USP, que ele define como um local onde é permitida a vivência da cultura e da criatividade diariamente. Cido Tavares também produz os programas Memória Musical, De Papo Pro Ar e É Bom Saber, além de apresentar a programação musical da Rádio USP, as dicas culturais de Heloisa Granito e ser o locutor da casa.
A série 100 Anos do Rádio, produzida pela Rádio USP (93,7 MHz), vencedora do Prêmio APCA 2022 na categoria Valorização do Rádio, está disponível neste link.