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Está disponível no site do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP a exposição virtual Movimentos Estudantis Através do Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros (1920-1970). A exibição, que busca contar parte da história do movimento estudantil brasileiro, pode ser vista até o dia 31 de agosto.
São 40 documentos, em sua maioria notícias de jornais de diferentes épocas, que narram a luta conjunta dos estudantes, desde a República Velha até pouco depois de 1968, ano marcante para o movimento em todo o mundo. Ao entrar no site, o público se depara com uma das obras escolhidas e um pequeno texto contextualizando-a com a exposição. A partir de então, basta ir navegando pelas páginas.
De acordo com Matheus de Paula Silva, um dos organizadores do projeto, a ideia da exposição surgiu com o intuito de divulgar o acervo do local. “Os funcionários do IEB conhecem o arquivo, mas as pessoas de fora não sabem quais são as possibilidades de pesquisa”, diz Silva, que é estudante de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O tema busca acompanhar o Simpósio Internacional Cinquenta Anos de 1968 – A Era de Todas as Viradas, organizado pelo Departamento de História da FFLCH, que ocorreu entre os dias 6 e 8 de junho. Também organizadora da exposição, a salvadorenha Claudia Romero Duarte – que atualmente faz pesquisas no IEB – explica que a exibição foi um desafio, pois o acervo do instituto não é especializado em movimentos sociais. “Quando surgiu a ideia, nós pensamos: ‘Nosso arquivo é muito rico. Vamos procurar documentos que estejam vinculados a essa temática concreta’.”

A escolha do recorte temporal também chama a atenção. O movimento estudantil ganhou notoriedade durante os anos 60, mas pouco se fala sobre sua atividade anterior a essa época. Silva conta que, no processo de pesquisa para a exposição, esse incômodo tomou parte dos organizadores, porque a maioria das referências bibliográficas sobre o assunto tratava apenas daquela década. “Pensamos que seria interessante mostrar como essa atuação ocorria antes, para assim dar alguma base para aquele movimento que começou a ganhar força a partir de 1964.”
Exibidos fisicamente durante o simpósio na FFLCH, os documentos estão todos organizados virtualmente, o que na visão de Claudia é positivo. “A abrangência é maior e você consegue fazer uma exposição não só para o Brasil, mas para o mundo.”
Com um acervo de mais de 500 mil documentos, identificar apenas 40 para serem exibidos se torna uma tarefa árdua. Para Silva, a principal dificuldade encontrada foi a falta de recursos, tanto financeiros quanto de força de trabalho. ”Estávamos em poucas pessoas e não éramos especialistas no assunto. Então tivemos que estudar antes. Tínhamos que montar duas exposições ao mesmo tempo, uma física e uma virtual, em um curto período de tempo.”
Como estrangeira, Claudia relata que, para ela, o mais interessante é perceber como atuam e se manifestam os brasileiros, citando como exemplo o ato que gerou a morte do estudante de Direito Jayme da Silva Telles, que participava de uma manifestação contra o governo de São Paulo, em 1943. Já Silva acredita que o destaque principal da exibição está na forma como o movimento atua. “Acho interessante como, desde o início, as relações entre professor e aluno já têm um determinado modelo. E que é a partir das questões cotidianas que acontecem na Universidade que as manifestações estudantis surgem”, citando o caso de uma revolta de alunos, na década de 30, contra um professor que não cumpria a sua obrigação de dar aulas, porque estava ocupado em sua clínica particular – como mostra a exposição.
A exposição virtual Movimentos Estudantis Através do Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros (1920-1970) pode ser acessada na íntegra neste link.