USP quer saber como guardas municipais treinam atendimento às mulheres

Projeto de pesquisa aborda problema da violência contra as mulheres, um agravante da pandemia do novo coronavírus, como apontam Maria Arminda Arruda e Marcos Alvarez

 11/05/2020 - Publicado há 4 anos
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Não são baixos os índices que mostram a forte ocorrência de violência contra as mulheres e, consequentemente, do feminicídio no Brasil. Olhando para a problemática, o Escritório USP Mulheres e o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP firmaram uma parceria de estudo que resultou no projeto de pesquisa Segurança Pública nos Municípios: O Papel das Guardas Municipais na Prevenção da Violência Contra a Mulher. Para falar sobre a pesquisa, o Jornal da USP no Ar conversou com a professora Maria Arminda Arruda, diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenadora do Escritório e com o professor Marcos Alvarez, coordenador do NEV da USP.

Com diversos trabalhos ao longo de 30 anos relacionados à violência, o NEV agora tem a oportunidade de ampliar ainda mais os estudos na área junto ao Escritório, após submeter o projeto nos programas Santander de Políticas Públicas e USP Municípios. “O desenho do edital apontava para uma questão vinculada aos municípios no Estado de São Paulo [guardas municipais]. A ideia é fazer um diagnóstico da violência em geral e segurança pública, e um levantamento de como as guardas municipais abordam a questão [da violência contra a mulher]”, explica Alvarez, coordenador geral do projeto.

O isolamento social tem levado ao aumento da violência contra a mulher, aponta Maria Arminda. Por isso, se faz necessário saber quais as formas de agir das guardas municipais e também pensar como os agentes podem ser treinados para enfrentar as ações de violência e o feminicídio. O estudo pretende escolher três municípios (um do litoral, interior e Grande São Paulo) para aprofundar os diagnósticos e as análises.

De acordo com a professora Maria Arminda, a desigualdade social no mundo contemporâneo está acentuada e diretamente relacionada às outras desigualdades, não sendo diferente com a de gênero, “que está ligada às formas de feminicídio, violência doméstica e manifestações adjetas da desigualdade”. Ela diz ainda que esse projeto aparece em um momento fundamental para entender como os agentes de segurança podem estar mais bem preparados para o efeito colateral da pandemia, que é o agravamento de um problema social preexistente. “Nós sabemos que a violência contra as mulheres é muito maior do que aparece nas estatísticas, pois as pessoas não dão parte nem notificam. Parece que a violência doméstica é entendida como parte do papel da mulher dentro das famílias”, afirma.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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