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Pedalar pelas ruas de São Paulo ficou mais fácil. Em junho, foi colocado no ar um novo mapa da infraestrutura cicloviária paulistana, com informações atualizadas sobre ciclovias, bicicletários e estações de bikes compartilhadas, com sistema de busca vinculado ao transporte público. As três bases integradas foram construídas pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), órgão vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e organizam o meio de transporte que mais vem crescendo na cidade.
Uma pesquisa feita pelo Metrô, em 2012, mostrou que os modos de deslocamento dos moradores da região metropolitana estão mudando. Enquanto pessoas de baixa renda têm usado mais o automóvel, as de renda mais alta aumentaram o uso de transporte coletivo e veículos não motorizados, como a bicicleta, por exemplo.
A base de ciclovias do CEM foi construída a partir da base de logradouros da Região Metropolitana de São Paulo, onde constam informações dos 39 municípios e seus respectivos segmentos de ruas, avenidas, acessos, travessas, praças e rodovias, e desenhos georreferenciados das ciclovias fornecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Segundo o CEM, em São Paulo existem cerca de 498 quilômetros de vias com tratamento cicloviário (ciclovias e ciclofaixas) e 6.138 vagas em bicicletários públicos distribuídos por 84 lugares para guardar bicicletas, instalados nos terminais de ônibus e nas estações de trem e de metrô.
Segundo Daniel Waldvogel, coordenador de transferência e tecnologia do CEM, a justaposição destas bases resultou em um sistema de busca mais eficiente e com a possibilidade de múltiplos resultados de acordo com a necessidade de cada usuário. “Cruzando informações, o sistema fornece a localização das ciclovias, a extensão por trecho ou sua totalidade, data de inauguração, bicicletários mais próximos, endereços das estações de bicicletas compartilhadas, trens de metrôs e da Companhia Paulista de Trens Metropolitano (CPTM), áreas verdes e escolas, dentre outros.”
Para pesquisadores e gestores
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Embora a base de mobilidade ainda não tenha uma interface facilitada para o usuário comum de bicicleta, quem tiver conhecimento em softwares de geoprocessamento de mapas e plantas entenderá bem o sistema. “A base é voltada para pesquisadores e gestores que trabalham com planejamento e implementação de políticas públicas de mobilidade urbana”, explica Waldvogel.
Na base de bicicletários, existem 84 lugares cadastrados para guardar ou estacionar as bicicletas. Estes estão enquadrados em duas categorias: os bicicletários, que são mais seguros por se tratar de uma área pública ou privada que conta com zeladoria presencial ou eletrônica, e os paraciclos, que possuem uma estrutura mais simples — armação de ferro, comumente instalada em frente aos prédios, que permite a colocação de trava ou de cadeado para prender a bicicleta. Além da localização, o banco de dados mostra ainda o tipo, as vagas disponíveis e a instituição responsável pelo bicicletário ou paraciclo.
O sistema ainda permite encontrar o lugar, os nomes e a quantidade de vagas disponíveis em todas as estações de bicicletas compartilhadas dos programas Bike Sampa e Ciclo Sampa. Ao todo, são 267 espaços espalhados em pontos estratégicos em São Paulo. Os dois programas possuem características semelhantes, com mecanismos de autoatendimento para a disponibilização das bicicletas, mas não há integração entre eles. A bicicleta emprestada na Bike Sampa não pode ser devolvida no Ciclo Sampa.
Gabriela de Biaggi, bolsista de iniciação do CEM, conta que no período em que trabalhou na implementação das bases sobre mobilidade, entre maio e junho, tinha o hábito de confirmar as informações contidas no sistema durante o percurso que fazia de bicicleta para chegar ao trabalho, do bairro do Butantã até a Vila Mariana, sede do CEM.
As maiores dificuldades estavam nos primeiros trechos da viagem, onde ainda não havia ciclovias implantadas. Em alguns trechos, Gabriela tinha que dividir o espaço com automóveis em grandes avenidas como a Vital Brasil e, em seguida, atravessar a ponte Eusébio Matoso, que também tinha fluxo intenso de carros. Depois, seguia mais tranquila. Após passar a ponte, ia pelas ciclovias na Avenida Brigadeiro Faria Lima, pelas calçadas na Rua Gabriel Monteiro da Silva e depois voltava às ciclovias na Avenida Brasil e Parque do Ibirapuera, para finalmente chegar ao trabalho.
Embora conheça bem este trajeto, Gabriela afirma que a base de dados tem importância pela abrangência de cobertura no município. Além de ter utilidade prática, as informações permitem pensar em trajetos alternativos e lhe proporcionam entendimento sobre o assunto, o que a capacita para fazer cobranças de políticas públicas e promover discussões sobre mobilidade por bicicleta.
Para acessar a base de mobilidade, basta entrar no site do CEM e realizar um cadastro.
Atualizado dia 07/07/2017, às 13h32
Mais informações: e-mail danielt@cebrap.org.br, com Daniel Waldvogel