Desde o início de 2017, há uma tendência de queda nas taxas de juros, acompanhando a Selic que vem sofrendo cortes desde o quarto trimestre de 2016. Em janeiro de 2020, a taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres foi de 2,45% ao mês, uma queda de 0,22 ponto porcentual. em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Os dados são do Boletim Crédito de março de 2020, dos pesquisadores Francielly Almeida e Marcelo Lourenço Filho, coordenados pelo professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.
Para pessoas físicas, a média em janeiro de 2020 foi de 3,18%, sendo o menor valor da série desde janeiro de 2014, com retração de 0,26 p.p. na comparação anual. Para pessoas jurídicas ela foi de 1,36%, valor 0,20 p.p. abaixo do observado em janeiro de 2019.
Na aquisição de bens e crédito pessoal, que envolvem maiores garantias e tratam de operações em que há mais informações do consumidor, elas são menores: em janeiro, as taxas de juros nas respectivas modalidades ficaram em 1,65% e 2,80% ao mês. Já a taxa de juros média do cartão de crédito fechou o mês em 4,32% a.m.
As maiores taxas de juros são as do cheque especial: em janeiro, as taxas foram de 8,48% a.m. Na comparação com janeiro de 2019, o recuo foi de 2,97 p.p. “Isso decorre da medida do Banco Central que estabeleceu um limite de juros do cheque especial de 8% a.m. a partir de janeiro de 2020”, explicam os pesquisadores. O valor observado ultrapassou o limite devido a outros fatores, como a cobrança de IOF.
Em dezembro de 2019, o estoque das operações de crédito no Brasil foi de 3,29 trilhões de reais, valor 1,2% maior que o observado no mesmo mês de 2018. Grande parte do estoque de crédito se concentra no Estado de São Paulo, que representou uma parcela de 56% do total do Brasil. No estado paulista, as operações de crédito cresceram acima da média nacional, em 3,7%.
Por Leonardo Rezende