O Programa Mais Luz para a Amazônia (MLA), uma iniciativa derivada do bem-sucedido Luz para Todos, enfrenta desafios significativos ao tentar alcançar áreas isoladas na Amazônia Legal. Utilizando tecnologias sustentáveis, como a energia solar fotovoltaica aliada a sistemas de armazenamento em baterias, o MLA visa não apenas diminuir a dependência de combustíveis fósseis, mas também promover a conservação do ecossistema amazônico. Além disso, ao fornecer uma fonte de energia confiável, o programa busca promover a autossuficiência das comunidades locais e alinhar-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial o ODS7, que foca no acesso universal à energia limpa.
Um dos maiores desafios são os altos custos iniciais e a necessidade de manutenção especializada. A geografia acidentada e a densa floresta da Amazônia complicam a instalação e manutenção dos sistemas energéticos, exigindo mobilização substancial de recursos financeiros. Além disso, a variabilidade climática da região, caracterizada por chuva intensa e nebulosidade, desafia a eficácia da geração solar, necessitando de baterias de alta capacidade e planejamento meticuloso para garantir o fornecimento contínuo de energia.
A falta de capacitação também é um obstáculo, destacando a necessidade de programas de treinamento robustos para a construção de uma rede de técnicos locais e de infraestrutura de suporte técnico permanente que são vitais para a operação e sustentabilidade dos sistemas a longo prazo. Relatórios do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), indicam que cerca de 990 mil pessoas ainda estão sem acesso à eletricidade na região, muitas em áreas indígenas e de conservação, reforçando a importância de planejar eficazmente e identificar precisamente essas populações.
Outro relatório, também do Iema, que avalia a universalização de energia elétrica e logística reversa alerta sobre a necessidade crítica de logística reversa para gerir os resíduos gerados pelo programa, especialmente baterias e módulos fotovoltaicos. A região tem infraestrutura limitada para reciclagem, com apenas 58 dos 808 municípios possuindo serviços adequados, destacando a urgência de melhorias. O relatório enfatiza que, até o final da vida útil dos sistemas instalados, poderiam ser produzidas entre 71 mil e 237 mil toneladas de resíduos, com a bateria de chumbo-ácido sendo um dos principais componentes, devido à sua menor vida útil e frequente necessidade de substituição.
É também essencial adaptar os sistemas às condições climáticas adversas da Amazônia, como chuvas intensas e nebulosidade, utilizando baterias de alta capacidade para garantir um fornecimento de energia contínuo. O engajamento das comunidades locais no planejamento e na implementação do programa é vital para assegurar que as soluções sejam adequadas às necessidades regionais, aumentando a eficácia e promovendo a sustentabilidade. Por hoje é só, até o próximo episódio.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.