
Um dos maiores eventos do setor de agronegócio na América Latina, que reúne todos os anos produtores rurais, empresas do setor e especialistas para apresentar as últimas inovações e tendências em máquinas, equipamentos e serviços agrícolas, a 28ª Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, aconteceu de 1º a 5 de maio deste ano, em Ribeirão Preto (SP). A feira promove o desenvolvimento do agronegócio através de negócios, networking e conhecimento. Este ano, bateu recordes de público, com 195 mil visitantes, e de movimentação financeira com mais de R$ 13 bilhões em negócios realizados. Mas o que tudo isso tem a ver com energia? Deveria ter e muito!
A feira destacou tecnologias, soluções e projetos relacionados à energia renovável, eficiência energética e acesso à energia sustentável no setor agrícola. Os visitantes encontraram produtos e serviços como sistemas de irrigação movidos a energia solar, biogás gerado a partir de resíduos agrícolas e maquinário agrícola com menor consumo de energia, todos voltados para promover a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental. Houve também empresas comercializando sistemas para geração de energia solar fotovoltaica, mas aparentemente sistemas menores, não para atividades do agronegócio.
O visitante da Agrishow deste ano se deparou com pontos com placas solares em formato de árvore, que auxiliaram na iluminação do evento, e ônibus movidos a biodiesel fizeram a ligação da feira com os estacionamentos. Isso tudo foi excelente. Mas em relação à energia, ainda foi pouco, efetivamente. Considerando que a feira traz as tendências do setor do agronegócio brasileiro, observamos que a parte de energia esteve pouco contemplada no setor como um todo. Isso é preocupante em alguns aspectos.
O primeiro é a questão da necessidade mundial de se utilizar sistemas com energias mais limpas, isso para mitigar a emissão de gases de efeito estufa e assim retardar as mudanças climáticas. A própria feira mostrou em seu folder que está em sintonia com alguns dos ODS – os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. De fato, a organização pode até estar em sintonia, mas o agro ainda tem muito a avançar nesta área. E oportunidades não faltam!
A segunda questão é o fato de que o País, tendo o agronegócio como o carro-chefe de sua economia, pode ficar vulnerável a políticas de importação de outros países, que podem em dado momento simplesmente não querer mais determinado produto porque ele foi produzido a partir do uso de combustíveis fósseis, por exemplo. Existem outros aspectos, mas parece bem preocupante que, se o agronegócio está em sintonia com a feira, ele não está acompanhando os ODS de forma plena.
Oportunidades de avanço não faltam e o agronegócio no Brasil tem grande potencial de se adequar a essas tendências mundiais. Entre as oportunidades que já têm tecnologias disponíveis, destacam-se:
Energia solar: Aumento da instalação de painéis solares em propriedades rurais pode gerar energia limpa e renovável para uso em máquinas, sistemas de irrigação, armazenamento e processamento de produtos agrícolas.
Biogás e biomassa: Aumento da utilização de resíduos orgânicos, como dejetos animais e restos de culturas, para a produção de biogás e energia térmica pode reduzir a dependência de combustíveis fósseis e aproveitar melhor os recursos disponíveis no campo.
Eficiência energética: Aumento da adoção de equipamentos e práticas agrícolas mais eficientes em termos energéticos pode reduzir o consumo de energia, diminuir os custos de produção e minimizar o impacto ambiental.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio em coprodução com Ferraz Júnior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.