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Considerado um dos prêmios mais importantes do mundo, o Nobel da Paz de 2022 condecorou representantes da sociedade civil na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia por atuações a favor dos direitos humanos durante o conflito nesses territórios. Além do reconhecimento de ações pacificadoras, o Prêmio Nobel carrega um peso político que pode influenciar a opinião pública para apoiar essas iniciativas de paz e gerar repercussões sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. A análise é de Angelo Segrillo, professor de História Contemporânea no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Neste ano, o Prêmio Nobel da Paz reconheceu Ales Bialiatski, chefe do grupo de direitos humanos Viasna, da Bielorrússia; Memorial, grupo de direitos humanos russo; e a organização ucraniana de direitos humanos Centro para Liberdades Civis.

De acordo com Segrillo, “a primeira missão do prêmio é ser um reconhecimento da luta pela paz, mas também possui uma função colateral de mover a opinião pública”, agindo como uma “forma de posicionamento político do comitê da premiação”. 

Esse papel de posicionamento, segundo Segrillo, explica a escolha de ações no cenário político mundial mais importante deste ano, que é a guerra entre Rússia e Ucrânia, como uma resposta do Comitê do Nobel pela manutenção da paz nesses territórios. “Apesar de não dizer claramente, o posicionamento do comitê, mostrando instituições que lutam pela sociedade civil naqueles países, coloca a Rússia como lado agressor. É uma estratégia política do Nobel diante do confronto”, esclarece o professor.

Compromisso com a paz

O professor reforça que o comitê premiou organizações e instituições de ambos os lados do conflito, para fortalecer o posicionamento em prol dos direitos civis e da sociedade civil, visando ao comprometimento com a paz.

O Prêmio Nobel foi concebido pela primeira vez em 1901, como último desejo do cientista sueco Alfred Nobel de criar uma premiação que prestigiasse diferentes áreas de conhecimento e atuação política. Na primeira premiação, foram entregues os prêmios de química, literatura, física, medicina e da paz. Mais tarde, em 1968, foi criado o Prêmio Nobel da Economia, que hoje compõe a seleção da cerimônia que distribui seis prêmios anuais, no valor de 10 milhões de coroas suecas, cerca de US$ 900 mil em cada categoria, além de um diploma e uma medalha a cada ganhador, lembrando que uma categoria pode ter até três vencedores, podendo ser uma pessoa ou uma organização.