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Para utilizar bem os principais indicadores educacionais e selecionar as melhores fontes e métodos de coleta, visualização e interpretação das informações, as Secretarias de Educação precisam contar com técnicos preparados, com olhar crítico e qualificado. Mas nem sempre as redes de ensino conseguem ter profissionais dedicados a esta função, ou com atualização constante de conhecimentos. Por isso, a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, lançou a nova edição do curso Introdução à análise de dados educacionais, concluído no início de julho como projeto piloto.
Para o desenho da formação, 12 secretarias municipais parceiras da Cátedra no Estado de São Paulo e mais duas organizações foram convidadas a indicar um representante de sua equipe técnica para participar presencialmente de três dias de atividades conceituais e práticas. Mais de 70% das redes participantes informaram não possuir uma equipe dedicada à análise de dados. “Um dos desafios para o avanço na educação brasileira acontece quando damos respostas iguais para problemas diferentes, é preciso conhecer exatamente qual a causa do seu problema para dar uma resposta apropriada, e isso passa necessariamente pelo cuidado ao analisar dados”, afirmou o titular da Cátedra, Mozart Neves Ramos. “Os secretários de Educação precisam de suporte para a tomada de decisões, e é importante que esse suporte venha de análises técnicas, com conhecimento.”
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Cultura de dados
Por conta desse cenário e da relevância do tema, um dos objetivos do curso é justamente buscar fortalecer a cultura de análise de dados na formulação de políticas educacionais. Segundo Rafael Naime Ruggiero, pesquisador e cientista de dados da Cátedra e responsável pela formação, quando uma secretaria possui essa cultura, ela valoriza e promove a utilização sistemática de dados para embasar a tomada de decisões, o que implica na conscientização sobre a relevância dos dados e da capacitação de profissionais para interpretar e utilizar efetivamente as informações derivadas deles.
“Observamos que os avanços em relação à cultura de utilização de dados na educação ainda são incipientes, por isso a Cátedra direciona parte de seus esforços para fornecer ferramentas técnicas e apoiar a formação de pessoal das secretarias”, contou. Segundo ele, em termos práticos é preciso que as redes tenham recursos para coleta ou acesso a dados, bem como para armazenamento e análise, além de estabelecer processos claros para a realização dessas atividades. “Ter um técnico mais familiarizado com a análise de dados permite uma compreensão mais aprofundada das informações disponíveis e também identificar tendências, padrões e insights valiosos que podem orientar ações e políticas educacionais mais efetivas”, afirmou Rafael.
De acordo com ele, entre as consequências positivas para o município, ter equipes capacitadas a realizar suas próprias análises aumenta a autonomia e agilidade na obtenção de informações relevantes, possibilita adaptação aos cenários particulares de cada região. A cultura da dados também amplia a capacidade crítica, de modo que a equipe pode identificar possíveis inconsistências ou limitações nas informações disponíveis, o que contribui para maior confiabilidade nos resultados e para a eficácia em todo o ciclo de política pública, desde o diagnóstico de um eventual problema até o monitoramento e avaliação das intervenções.
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Familiaridade com o tema
Um questionário respondido previamente pelos participantes da formação permitiu identificar a familiaridade de cada um com os temas e sistemas utilizados no curso. Os gráficos neste link mostram que o nível de conhecimento relatado pelos próprios participantes era, em média, intermediário ou básico. “Isso representou um desafio na preparação do curso, pois o conteúdo precisava ser estimulante para os participantes avançados, sem deixar para trás aqueles que estavam no início do aprendizado”, explicou Rafael.
Para sensibilizar todos os participantes sobre a importância do tema, a formação teve início com uma aula magna feita em conjunto por Mozart e a presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave), Maria Helena Guimarães de Castro, também titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna de Inovação em Avaliação Educacional no IEA-RP. Ambos falaram sobre a importância das avaliações para a educação brasileira.
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“Avaliar é o processo de obter informações e formar juízos de valor a serem utilizados na tomada de decisões. Para isso, é preciso ter controle de qualidade: bases de dados confiáveis, metodologias elaboradas em bases científicas, clareza dos objetivos a serem alcançados, definição de referências, seleção de indicadores e mecanismos ágeis de divulgação”, completou Maria Helena, destacando a importância de ter bons sistemas estatísticos e buscar formatos adequados para uso dos resultados na melhoria da equidade com qualidade na educação.
Nos demais momentos de formação, a equipe da Cátedra apresentou diferentes fontes de dados educacionais e formas de visualização dos dados para gerar análises próprias. “Participar da formação foi de grande importância para o desenvolvimento de habilidades essenciais. A utilização de momentos teóricos e práticos foi fundamental para a efetividade da proposta, em especial, a utilização de sites governamentais para extrair dados”, contou Matheus Roque, gerente de parcerias institucionais da Fundação de Apoio e Desenvolvimento à Educação Básica de Mato Grosso do Sul (Fadeb-MS), associada à Secretaria de Educação para fomentar a equidade e qualidade da educação básica do Estado.
“Sabemos que o uso de computadores e recursos digitais nem sempre é fácil para todos, e com o curso presencial essa problemática foi rompida, possibilitando a troca de forma rápida e efetiva entre os alunos e os formadores”, analisou Matheus. Segundo ele, a equipe já está pensando em possibilidades de aplicação e multiplicação da formação recebida.
“Especialmente nos dias atuais, onde os recursos governamentais devem ser aplicados de forma transparente e eficiente, tomar decisões deve ser uma tarefa pautada em evidências. Por meio da formação, foi possível entender como esses dados podem ser extraídos de forma confiável dos sites e como podemos utilizá-los para mostrar informações relevantes”, afirmou a diretora de planejamento da Fadeb-MS, Marina Luz.
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Resultados e próximos passos
Como encerramento do curso, os participantes produziram um relatório sobre as mudanças nos indicadores educacionais de suas próprias redes, comparando 2019 com 2021. “Oferecemos a oportunidade de aplicar o conhecimento adquirido, consolidando todo o conteúdo e possibilitando que os participantes sigam realizando análises de estatística descritiva ao retornarem às suas secretarias para a resolução de problemas reais”, destacou Rafael. “Estamos entusiasmados em proporcionar essa oportunidade e acreditamos que estamos contribuindo para o desenvolvimento da cultura e do treinamento em análise de dados educacionais no país, de forma colaborativa e multiplicadora, podendo influenciar outras secretarias e municípios.”
A proposta da Cátedra agora é sistematizar os aprendizados da equipe com o piloto da formação, identificar quais metodologias funcionaram melhor e qual a abordagem dos temas é mais acessível para todos. Assim, a formação inicial será aprimorada para possível abertura de novas turmas, ao mesmo tempo em que os participantes do projeto inicial possam ser acompanhados em formações continuadas, com módulos avançados.
Sobre a Cátedra
A Cátedra Sérgio Henrique Ferreira é uma iniciativa do IEA-RP financiada pelo Santander Universidades que mobiliza pesquisadores e instituições em torno da contribuição efetiva com políticas públicas em cidades de médio porte. Seu foco atual é a educação, integrando instituições e iniciativas locais para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.
A Cátedra também desenvolve projetos com outros parceiros, como a B3 Social, a Fapesp e a Fundação Telefônica. Para saber mais informações sobre as atividades dela, inscreva-se no canal no Telegram, no grupo do Whatsapp ou em nossa newsletter. .
*Assessoria de Comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, editado por Rose Talamone