Boccioni: Continuidade no Espaço, em cartaz no Museu de Arte Contemporânea da USP, é o destaque na coluna Ouvir Imagens (clique no player acima), de Giselle Beiguelman, na Rádio USP. A exposição tem a curadoria de Ana Magalhães, professora do MAC, e Rosalind McKever, do Victoria & Albert Museum, de Londres.
Artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Giselle explica que a mostra é o resultado de uma pesquisa multidisciplinar e inédita das curadoras, que investigaram aspectos históricos, estéticos e técnicos da produção do escultor e pintor Umberto Boccioni, com o apoio de instituições nacionais e internacionais. “A exposição gira em torno da obra Formas Únicas de Continuidade no Espaço, que integra o acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP. É a mais celebrada do futurista italiano, marcando o ponto mais alto da tentativa de Boccioni de dar vida à escultura, criando figuras em movimento.”
Escultor revolucionário, ele procurava solucionar todos os aspectos da forma dinâmica na linguagem tridimensional. “O movimento de um corpo humano no espaço é estudado por Boccioni de forma intensiva. E esse estudo é levado ao limite nessa obra, Formas Únicas de Continuidade no Espaço. É um corpo que avança determinado no espaço do espectador.”
A escultura, feita em gesso, é a original exibida pelo artista em 1913. A maioria de suas obras foi destruída no final dos anos 1920. “Com estudos de raios X e técnicas avançadas de investigação e leitura de materiais desenvolvidos no Instituto de Física, modelagens sistematizadas na Poli, combinadas a estudos de documentos e fotografias do ateliê de Boccioni, provenientes de arquivos de instituições do Brasil, Itália e Estados Unidos, foi possível identificar que a escultura em gesso do acervo do MAC-USP é a que foi exibida pelo artista em 1913”, pontua Giselle.
Essa peça e outra também em gesso, Desenvolvimento de uma garrafa no espaço, foram adquiridas por Ciccilo Matarazzo em 1952 e doadas ao MAC-USP em 1963. “A fragilidade material de Formas Únicas de Continuidade no Espaço, combinada à morte prematura de Boccioni, aos 33 anos, durante exercícios militares na Primeira Grande Guerra, transformaram a história dessa obra num verdadeiro jogo de enigmas e impasses mercadológicos que essa mostra desvenda.”
Saiba mais sobre a mostra Boccioni: Continuidade no Espaço, que fica em cartaz, com entrada gratuita, no MAC USP, até 24 de março de 2019. Acesse o link:www.desvirtual.com