Nesta semana, a Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP alerta para a Vertigem Paroxística Postural Benigna (VPPB), síndrome que provoca tontura e perda de equilíbrio, seguidas de náusea leve e vômitos, em qualquer idade. De cada 100 pacientes atendidos no ambulatório do HC, pelo menos 10% sofrem com a doença, cujo tratamento não é realizado com medicamentos e sim com manobras posturais. Esse tipo de vertigem é causado por partículas de carbono de cálcio (otólitos) que se soltam do vestíbulo, presente no ouvido interno, e caem no canal semicircular do labirinto.
“O paciente fica incomodado, pois o quadro é crônico e frequente. Podem acontecer até dez crises em um dia. Como a tontura rotacional acontece quando há o deslocamento da cabeça para um certo lado, toda vez que esse movimento acontece, a pessoa é acometida, ao passo que mantém a lucidez. Então, é corriqueiro buscarem a farmácia. E não adianta medicamento, nem são indicados formalmente”, descreve o médico Ítalo Roberto Torres de Medeiros, responsável pelo Ambulatório de Otorrinolaringologia do HC, ao Jornal da USP no Ar.
Ele aponta que duas sessões de manobras posturais, seguidas de dois ou três dias sem movimentos bruscos, são suficientes para o realocamento e sedimentação dessas partículas. “O descompasso entre a orelha mais interna esquerda e direita é a causa das vertigens. Um lado detecta o movimento das pedrinhas no líquido labiríntico e o outro não, confundindo o cérebro. Com os otólitos reconsolidados, os sintomas cessam”, explica Medeiros, citando a intervenção indicada pelo HC e pela Academia Brasileira de Otorrinolaringologia.
Essas partículas podem se soltar por trauma, problemas articulares, diabete, questões metabólicas ou mesmo falta de vitamina D. Logo, a detecção do quadro pode identificar doenças mais sérias. E, dado as origens etiológicas, a VPPB acomete principalmente os idosos. O quadro pode facilitar quedas e ser ainda mais agravado, também, por artroses, artrites e pelo metabolismo mais lento.
O médico diz que a VPPB é uma origem comum das vertigens, porém há outros quadros com os quais é importante se comparar no desenvolvimento da medicina. “A doença de Meniére tem sintomas bem parecidos, por exemplo, apesar de ser ocasionada pela distensão do compartimento que armazena o líquido do labirinto. Existem também as enxaquecas vestibulares. A neurite vestibular, por sua vez, acarreta uma crise aguda, na qual as tonturas e a dor são incapacitantes. Há fortes náuseas, o ataque se dá única e violentamente. Confunde-se com um ataque vascular cerebral (AVC), necessitando de um diagnóstico diferencial”, esclarece Medeiros.