Nesta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central faz sua última reunião de 2019. A expectativa do mercado é de uma redução de mais 0,5% na taxa básica de juros, a Selic, chegando ao seu índice mais baixo da história. A redução dá continuidade a um ciclo de quedas da taxa que se iniciou ainda no governo de Michel Temer. Para entender os efeitos da mudança e o cenário atual da economia, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Rodrigo de Losso, do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.
O professor explicou que o cenário econômico atual é extremamente favorável à queda da taxa Selic, já que “nós temos uma inflação bem baixa, este ano vai ficar provavelmente abaixo da meta de 3,5%, e a atividade econômica ainda em recuperação, nós estamos retomando ainda muito vagarosamente, e isso permite que a taxa Selic fique em níveis baixos”. A redução é importante porque gera uma expectativa de redução da dívida pública, que atualmente gira em torno de 70% do PIB.
Um dos possíveis empecilhos para a redução da taxa é o aumento do câmbio, que gera inflação. “A questão é calibrar isso, que nível nós temos que ter de taxa de juros para equilibrar esse câmbio. Com a redução da taxa de juros, tem uma saída natural de capitais estrangeiros, porque eles não se aproveitam mais da elevada taxa de juros que o Brasil tinha, e isso leva a uma depreciação da moeda nacional”, explica Losso. Ainda assim, o professor espera uma queda e, dependendo do primeiro semestre de 2020, diz acreditar que a taxa pode cair ainda mais.
Losso também relembrou que mudanças na taxa Selic têm pouco efeito no mercado de crédito, que devem manter suas taxas de empréstimo mais elevadas. Para o professor, “o grande problema do mercado de crédito é a falta de concorrência. As taxas são altas e essa redução da Selic não se transmite para o mercado de crédito imediatamente porque é um mercado bastante oligopolizado, são poucos bancos”.
O governo também revisou recentemente suas previsões de crescimento da economia para os próximos anos. A expectativa é que em 2020 ocorra um crescimento de 2,2% no PIB e de 2,5% nos três anos seguintes. “No geral, o governo é bastante otimista. Acho que 2,2% até pode acontecer, mas é um cenário otimista. Se fosse para ser um pouco mais conservador, realista, algo entre 1,5% e 2% está de bom tamanho”, comentou Losso. O professor ainda ressaltou a importância de investimentos no setor de infraestrutura para que essa previsão de crescimento de fato aconteça.
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