Em sua coluna desta semana, Renato Janine Ribeiro fala sobre a série Merlí (disponível na Netflix), que conta a história de um professor de filosofia de uma escola de ensino médio na Catalunha, Espanha. Para Janine, a série é uma excelente contribuição para o ensino de filosofia, tanto que criou uma página de discussão no Facebook: Merlí e a filosofia no ensino médio.
Segundo Janine, geralmente as matérias do ensino médio cometem um erro que é serem quase um resumo do que será o aprendizado delas na graduação, no ensino superior, e a abordagem é superficial. “E a grande questão que fica é: o que vai ficar disso para a vida da pessoa? Fundamental é saber bem sua língua, o português; já em muitas profissões será importante o inglês, talvez ciências em geral ou ciências humanas. Mas, de modo geral, a maior parte das matérias que se estuda no ensino médio não será muito utilizada no decorrer da vida; elas serão esquecidas e talvez até tenha sido inútil aprendê-las com a pouca profundidade dada.”
Como fazer então para que o aluno guarde o que foi aprendido em sala de aula para o resto da vida? Para Janine, no caso da filosofia, Merlí resolve isso de modo brilhante. Cada aula está ligada a algumas ideias de algum filósofo que se aplicam a situações de vida de algum aluno. Por exemplo, diante da entrada na escola de uma professora transgênero, Merlí fala sobre a filósofa Judith Butler para debater a questão do gênero. Para falar de valores, ele usa Nietzsche; para falar sobre competição, Adam Smith. “Isso deixa marcas fabulosas e, aos poucos, a filosofia se torna o carro-chefe da escola”, comenta. Para o colunista, todo professor de filosofia deveria assistir à série e pensar sobre ela.
Ouça acima o áudio na íntegra.