A liberdade de imprensa é um dos valores que resguarda o funcionamento das instituições democráticas – e um dos primeiros pilares a ser atacado em momentos de fragilidade da democracia. “Sou de uma geração de jornalistas que viveu a censura do regime militar. Numa época em que jornais publicavam receitas de bolos, ou trechos de literatura, no lugar da notícia. Trabalhei no semanário Jornal Opinião. Em cada edição publicávamos três jornais para, no fim, sair um – por conta da censura. É uma experiência que não deve ser repetida de maneira nenhuma”, recorda Luiz Roberto Serrano, superintendente de Comunicação Social da USP.
Para discutir as relações entre a democracia e a imprensa livre e os desafios que os veículos jornalísticos enfrentaram no passado e enfrentam no presente, o Jornal da USP no Ar conversou com o diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA), professor Paulo Saldiva, e com Luiz Roberto Serrano. O IEA e a Superintendência de Comunicação Social (SCS) organizam no dia 19 de setembro, o seminário Liberdade de Imprensa e Democracia.
Serrano e Saldiva concordam que a propagação de notícias fraudulentas, as chamadas fake news, têm contribuído para o enfraquecimento da credibilidade da imprensa. As fake news possuem, muitas vezes, sua propagação ampliada pelo uso de robôs. Além disso, o diretor do IEA comenta que artifícios como a edição de som são constantemente utilizados na criação de fraudes cada vez mais sofisticadas.
Para além do efeito das fake news, Serrano destaca os obstáculos que os veículos de comunicação estão encontrando na questão do financiamento. “Já se desenhou uma censura econômica aos principais jornais do País”, discorre o superintendente. A liberação, por parte do governo federal, do Diário Oficial (DO) e do site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para a publicação de balanços de empresas de capital aberto, afeta diretamente grande jornais, como o Valor Econômico, a Folha de S. Paulo, entre outros.
Após o fim das publicações de balanço, o governo lançou outra Medida Provisória (MP), desobrigando que as empresas públicas publiquem suas licitações em jornais. “(Essas medidas) têm, de certa forma, o objetivo de enfraquecer a sustentação econômica dos jornais”, elucida Serrano. Outro ponto que será discutido no seminários são as mudanças decorrentes do avanço tecnológico, que têm impactado nos negócios das empresas de comunicação.
O evento conta com o apoio do grupo Jornalismo, Direito e Liberdade, ligado ao IEA e à Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O seminário é gratuito, porém com inscrição prévia. Acontecerá na sala Alfredo Bosi, do IEA, com início às 9h30.
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